Por que [e importante conhecer Chiquinha Gonzaga? Somente por usas composições? Ou por sua vida, também? Vejamos...
Já em seu nascimento, temos um pouco de Brasil: seu pai era José Basileu Gonzaga, general do Exército Imperial Brasileiro e sua mãe era Rosa Maria Neves de Lima, uma negra muito humilde. Obviamente, José era branco e se casou com Rosa Maria mesmo contra a vontade da família, após o nascimento de Francisca Edwiges Neves Gonzaga, em 17 de outubro de 1847. Parece até o quadro Redenção de Can, de Modesto Brocos y Gómez (1852/1936), pintado em 1895:
O quadro fala por si só, sobre a questão racial, no Século XIX. E Francisca sentiu isso, apesar de ter pai branco. Provavelmente, seu pai quis lhe dar o melhor, apesar dela ser mestiça. Frequentou boas escolas, estudou o que uma moça deveria estudar, mas não se afastou de suas origens negras tanto quanto seu pai desejava. Mesmo assim, aos 11 anos compôs uma canção natalina, intitulada Canção dos Pastores (sua primeira composição).
Aos 16 anos (foto acima), em 1863, Chiquinha foi praticamente obrigada a se casar com Jacinto Ribeiro do Amaral, um oficial da Marinha Imperial brasileira. Óbvio que quem impôs esse casamento foi a família de seu pai. Aparentemente, a mãe de Chiquinha não "apitava" nada...
Mesmo assim ela se casou, e teve três filhos com Jacinto: João Gualberto, Maria do Patrocínio e Hilário. Mas o casamento ia de mal a pior, já que o marido vivia grande parte do tempo no mar, e a ela era proibido compor, sua paixão. Até que um dia, Chiquinha cansou, e resolveu sair de casa. Mas, como uma espécie de castigo, só pôde levar o filho mais velho, João. Os outros dois ficaram com o pai... Chiquinha lutou, mas perdeu. A sociedade patriarcal de então impunha "penas" às mulheres que ousavam desafiar o regime. E com Chiquinha não foi diferente. Mas ela era batalhadora, e não se deu por vencida.
Em 1867, aos 20 anos, Chiquinha reencontrou um grande amor do passado, o engenheiro João Batista de Carvalho, e teve com ele a quarta filha, Alice Maria. Mas ele a traía muito, e ela não aceitava isso. Resultado: perdeu outro homem em sua vida, e mais uma filha sendo criada longe. Mesmo assim, Chiquinha foi sempre presenta, na vida dos quatro filhos...
Assim, Chiquinha Gonzaga deu aulas de piano e escreveu muitas músicas, com as quais foi criando seu filho. E isso numa sociedade que humilhava mães solteiras e mulheres separadas, mas não condenava maridos ausentes e/ou adúlteros e violentos...Talvez daí esse olhar triste, numa foto tirada em 1877, quando ela tinha 30 anos:
Para completar os escândalos em sua vida, Chiquinha se apaixonou novamente: em 1899, aos 52 anos, ela se apaixonou por João Batista Fernandes Lage, um jovem musicista de 16 anos. Para evitar o falatório (que hoje não seria diferente), Chiquinha fingiu "adotá-lo", e foram morar alguns anos em Portugal, a fim de fugir da confusão que a situação iria causar...Esse romance só foi descoberto após a morte da compositora, no Carnaval de 1935. E João Batista estava ao seu lado, nesse momento derradeiro...
O Corta Jaca foi composto em 1904, quando Chiquinha Gonzaga estava na Europa. Quando ela foi, em 1902, tinha se tornado amiga de Nair de Tefé von Hoonholtz (1886/1981), a primeira mulher caricaturista do mundo. Na sua volta, em 1910, Nair casou com o Presidente Hermes da Fonseca. E foi assim que, em 1914, Chiquinha Gonzaga apresentou O Corta Jaca, em pleno Palácio do Governo, e teve o acompanhamento da Primeira-Dama ao violão. Na sociedade patriarcal de então, mais um escândalo, pois aquele ritmo era impróprio para aquele lugar, e a Primeira-Dama nunca poderia ter tido essa audácia...mas teve.
Além dessas já citadas, podemos citar:
Atraente: http://www.youtube.com/watch?v=_6ameIYuCwY
Lua Branca: http://www.youtube.com/watch?v=SdpQi4ceHYA&feature=related
Já em seu nascimento, temos um pouco de Brasil: seu pai era José Basileu Gonzaga, general do Exército Imperial Brasileiro e sua mãe era Rosa Maria Neves de Lima, uma negra muito humilde. Obviamente, José era branco e se casou com Rosa Maria mesmo contra a vontade da família, após o nascimento de Francisca Edwiges Neves Gonzaga, em 17 de outubro de 1847. Parece até o quadro Redenção de Can, de Modesto Brocos y Gómez (1852/1936), pintado em 1895:
O quadro fala por si só, sobre a questão racial, no Século XIX. E Francisca sentiu isso, apesar de ter pai branco. Provavelmente, seu pai quis lhe dar o melhor, apesar dela ser mestiça. Frequentou boas escolas, estudou o que uma moça deveria estudar, mas não se afastou de suas origens negras tanto quanto seu pai desejava. Mesmo assim, aos 11 anos compôs uma canção natalina, intitulada Canção dos Pastores (sua primeira composição).
Aos 16 anos (foto acima), em 1863, Chiquinha foi praticamente obrigada a se casar com Jacinto Ribeiro do Amaral, um oficial da Marinha Imperial brasileira. Óbvio que quem impôs esse casamento foi a família de seu pai. Aparentemente, a mãe de Chiquinha não "apitava" nada...
Mesmo assim ela se casou, e teve três filhos com Jacinto: João Gualberto, Maria do Patrocínio e Hilário. Mas o casamento ia de mal a pior, já que o marido vivia grande parte do tempo no mar, e a ela era proibido compor, sua paixão. Até que um dia, Chiquinha cansou, e resolveu sair de casa. Mas, como uma espécie de castigo, só pôde levar o filho mais velho, João. Os outros dois ficaram com o pai... Chiquinha lutou, mas perdeu. A sociedade patriarcal de então impunha "penas" às mulheres que ousavam desafiar o regime. E com Chiquinha não foi diferente. Mas ela era batalhadora, e não se deu por vencida.
Em 1867, aos 20 anos, Chiquinha reencontrou um grande amor do passado, o engenheiro João Batista de Carvalho, e teve com ele a quarta filha, Alice Maria. Mas ele a traía muito, e ela não aceitava isso. Resultado: perdeu outro homem em sua vida, e mais uma filha sendo criada longe. Mesmo assim, Chiquinha foi sempre presenta, na vida dos quatro filhos...
Assim, Chiquinha Gonzaga deu aulas de piano e escreveu muitas músicas, com as quais foi criando seu filho. E isso numa sociedade que humilhava mães solteiras e mulheres separadas, mas não condenava maridos ausentes e/ou adúlteros e violentos...Talvez daí esse olhar triste, numa foto tirada em 1877, quando ela tinha 30 anos:
Para completar os escândalos em sua vida, Chiquinha se apaixonou novamente: em 1899, aos 52 anos, ela se apaixonou por João Batista Fernandes Lage, um jovem musicista de 16 anos. Para evitar o falatório (que hoje não seria diferente), Chiquinha fingiu "adotá-lo", e foram morar alguns anos em Portugal, a fim de fugir da confusão que a situação iria causar...Esse romance só foi descoberto após a morte da compositora, no Carnaval de 1935. E João Batista estava ao seu lado, nesse momento derradeiro...
Na parte musical, destacamos apenas duas 77 peças teatrais e cerca de duas mil composições em gêneros variados: valsas, polcas,tangos, lundus, maxixes, fados, quadrilhas, mazurcas, choros e serenatas: O Corta Jaca e Ó Abre Alas.
Ó Abre Alas (1899)
Música mais conhecida de Chiquinha Gonzaga. Aqui, numa gravação da Banda da Casa Edison, em 1913. Mesmo assim, é possível perceber os versos Ó Abre Alas, que eu quero passar...A canção foi feita para o cordão carnavalesco Rosa de Ouro, citado na letra. O sucesso é considerado a primeira marcha carnavalesca da história.
Corta Jaca (1904)
Além dessas já citadas, podemos citar:
Atraente: http://www.youtube.com/watch?v=_6ameIYuCwY
Lua Branca: http://www.youtube.com/watch?v=SdpQi4ceHYA&feature=related
2 comentários:
Venho parabeniza-lo pelo excelente blog, está simplesmente maravilhoso. Repleto de historicidade, comentários elucidativos e argumentos feitos de forma leve e lúdica. Só faltou mesmo a apresentação de uma biografia ou pequena referência literária. No mais está na medida certa.
O mesmo digo, e gostaria de parafraseá-lo, mas não sei quem assina... parabéns pelo blog, mas por favor, nos deixe saber quem é você e de onde tira essas histórias!
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