sábado, 30 de abril de 2011

Carlos Gardel (1890/1935) - Por Una Cabeza


A cena acima foi tirada do filme Perfume de Mulher (1992). Nela, vemos Al Pacino (1940/) fazendo um homem cego, que nem por isso deixa de dar um show com a mulher vivida pela atriz Gabrielle Anwar (1970/). Os dois são assistidos pelo ator Chris O'Donnell (1970/), que é o acompanhante do homem cego.

A música que embala o tango do casal é Por Una Cabeza, um tango de 1935, que fez sucesso na voz de Carlos Gardel (1890/1935):


Carlos Gardel nasceu em Toulouse, na França (há quem diga que ele nasceu no Uruguai), e viveu sua infância na Argentina, mais precisamente em Buenos Aires.
Sendo francês ou uruguaio, Gardel se naturalizou argentino em 1923, quando tinha 33 anos. Desde cedo ele demonstrou ter uma bela voz, sendo que o apelidaram de El Zorzal Criollo (O Sabiá Crioulo). Também era chamado de El Francesito (O Francesinho).
Ainda em 1917, ele gravou o tango Mi Noche Triste, que é considerado o primeiro tango a contar uma história, no caso a de um sujeito que perdeu a esposa. Nesse mesmo ano, ele fez o filme mudo Flor de Durazno (Flor de Pêssego).
Em 1923, fez uma turnê, pelo Uruguai, Brasil e Espanha, fazendo com que o tango se tornasse cada vez mais popular. Houve época, no Brasil, em que esse gênero musical era mais afamado que o samba...
Entre os anos 20 e 30, Gardel se notabilizou por diversos tangos, que ficaram ainda mais famosos aparecendo nos diversos filmes que fez. Aqui no Blog, já postei La Cumparsita e A Media Luz, ambos de 1927:


A Media Luz: http://rzeusnet-ventonolitoral.blogspot.com/2011/04/1927-media-luz.html
La Cumparsita: http://rzeusnet-ventonolitoral.blogspot.com/2011/04/1927-la-cumparsita.html

Mas ele também cantou Mi Buenos Aires Querido (1934), Por Una Cabeza e El Dia En Que Me Quieras (ambos de 1935).

Carlos Gardel morreu num acidente de avião, na Colômbia, em 1935, na mesma época em que Carmen Miranda começava seu grande sucesso...Mas seus tangos imortais encantam os amantes desse estilo e dança até os dias de hoje, como podemos ver pelo filme Perfume de Mulher...









quinta-feira, 28 de abril de 2011

1927 - La Cumparsita


LA CUMPARSITA

Si supieras que aún dentro de mi alma
Conservo aquel cariño que tuve para ti
Quien sabe si supieras
Que nunca te he olvidado
Volviendo a tu pasado
Te acordarás de mí.
Los amigos ya no vienen
Ni siquiera a visitarme
Nadie quiere consolarme
En mi aflicción.
Desde el da que te fuiste
Siento angustias en mi pecho,
Decí percanta: ¿Qué has hecho
De mi pobre corazn?
Al cuartito abandonado.
Ya ni el sol de la mañana
Asoma por la ventana,
Como cuando estabas vos
Y aquel perrito compaero.
Que por tu ausencia no comía
Al verme solo, el otro día
También me dejó.
Si supieras... ... ... ...

La Cumparsita - O mais Famoso Tango do Mundo

O famoso Tango La Cumparsita foi escrito pelo uruguaio Gerardo Matos Rodriguez no ano de 1917 no café La Giralda, em Montevideo, Uruguay. Gerardo tinha só 17 anos de idade na altura, e naquele momento não podia imaginar que estava a criar uma das mais famosas composições na História do Tango.
Após sete anos ele foi para Paris, França, onde conheceu o famoso Francisco Canaro, e descobriu que o seu tango era um sucesso em Paris. Entretanto, os letristas Enrique Maroni e Pascual Contursi tinham escrito letras para o tango e o renomearam Si Supieras. Os próximos vinte anos foram passados por Gerardo entre salas de tribunal a tentar restituir os seus direitos como o autor de La Cumparsita, o tango mais famoso do mundo. O tango La Cumparsita é considerado o hino dos tangos uruguaios.
Como tudo sobre o mundo do tango, não existe um consenso sobre quem foi o primeiro a gravar La Cumparsita, mas a maior parte das fontes na história do Tango Argentino concordam em que Roberto Firpo foi o primeiro a gravar La Cumparsita com a sua orquestra de tango.


sábado, 16 de abril de 2011

1927 - A Media Luz






A Media Luz

Edgardo Donato

Composição : Donato / Lanzi
Corrientes tres cuatro ocho, 
segundo piso, ascensor; 
no hay porteros ni vecinos 
adentro, cocktel y amor. 
Pisito que puso Maple, 
piano, estera y velador... 
un telefon que contesta, 
una fonola que llora 
viejos tangos de mi flor,
y un gato de porcelana 
pa que no maulle al amor.

Y todo a media luz, 
que es un brujo el amor,
a media luz los besos, 
a media luz los dos... 
Y todo a media luz, 
crepusculo interior, 
que suave terciopelo 
la media luz de amor.

Juncal doce veinticuatro, 
telefonea sin temor; 
de tarde, te con masitas,
de noche, tango y amor; 
los domingos, te danzante, 
los lunes, desolacion. 
Hay de todo en la casita: 
almohadones y divanes 
como en botica... coco, 
alfombras que no hacen ruido 
y mesa puesta al amor...

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Trilhas Sonoras 1 - Selva de Pedra (1986)

Essa novela começou em fevereiro e terminou em agosto de 1986. Durante seis meses, o público brasileiro pôde ouvir algumas músicas que ficaram guardadas na memória, como as que aqui destaco:


NACIONAL



2 - Demais (Verônica Sabino):


3 - Tudo Bem (Lulul Santos) - http://www.youtube.com/watch?v=i3Hw8x53YO8


INTERNACIONAL

1 - I'll Never Be (Maria Magdalena) - Sandra - http://www.youtube.com/watch?v=GTR4qko64_o

2 - The Sweetest Taboo (Sade)http://www.youtube.com/watch?v=kcPc18SG6uA


3 - Yes (Tim Moore):


4 - West End Girls (Pet Shop Boys)http://www.youtube.com/watch?v=p3j2NYZ8FKs


5 - Only Love (Nana Mouskouri)http://www.youtube.com/watch?v=x9GPFsVJuu4


6 - In Between Days (The Cure):






9 - Rock And Roll Lullaby (B. J. Thomas) - essa música foi o tema das duas versões da novela. Mais recentemente, foi reinterpretada pela banda Pato Fu:


domingo, 10 de abril de 2011

1926 - Tea For Two


Doris Day - atriz norte-americana, nascida em 1922


Filme: Tea For Two (1950), Direção de David Butler


Música: Tea For Two (Vincent Youmans e Irving Caesar), de 1926


Tea For Two

Oh honey
Picture me upon your knee,
With tea for two and two for tea,
Just me for you and you for me, alone!
Nobody near us, to see us or hear us,
No friends or relations
on weekend vacations
We won't have it known, dear,
That we own a telephone, dear.
Day will break and I'm gonna wake
and start to bake a sugar cake
for you to take for all the boys to see.
We will raise a family,
a boy for you , and a girl for me,
Can't you see how happy we will be.
(Picture you upon my knee)
(tea for two and two for tea)
(me for you and you for me, alone!)
(Nobody near us, to see us or hear us,)
(No friends or relations on weekend vacations)
(We won't have it known, dear,)
(That we own a telephone,)
(dear.)
Day will break and I'm gonna wake
and start to bake a sugar cake
for you to take for all the boys to see.
We will raise a family,
a boy for you, and a girl for me,
Oh can't you see how happy we will be.
(How happy we will be)
TRADUÇÃO
Oh, querida
Imagine eu, em cima do seu joelho
Com chá para dois e dois para o chá,
Basta-me para você e você para mim, sozinho!
Ninguém perto de nós, para nos ver ou ouvir de nós,
Nenhum de seus amigos ou parentes
nas férias de fim de semana
Nós não vamos tê-lo conhecido, querido,
Que temos um telefone, querida.
O dia amanhece e eu vou acordar
e começar a fazer um bolo de açúcar
para você levar para todos os meninos para ver.
Nós vamos criar uma família,
um garoto para você, e uma menina para mim,
Você não pode ver o quão felizes seremos.
(Imagem você em meu joelho)
(Chá para dois e dois para chá)
(Me para você e você para mim, sozinho!)
(Ninguém perto de nós, para nos ver ou ouvir-nos)
(Nenhum amigo ou parente de férias no fim de semana)
(Nós não vamos tê-lo conhecido, querido)
(Que temos um telefone)
(Dear.)
O dia amanhece e eu vou acordar
e começar a fazer um bolo de açúcar
para você levar para todos os meninos para ver.
Nós vamos criar uma família,
um garoto para você, e uma menina para mim,
Ah, você não pode ver o quão felizes seremos.
(Como seremos felizes)

domingo, 3 de abril de 2011

Carmen Miranda - Parte VIII (1938)

Não sabemos como, quando e porquê, mas a "música baiana" já fazia sucesso no Rio de Janeiro desde há muito tempo. E quando falamos em "música baiana" leia-se "música de temática baiana".

Uma das primeira músicas com essa temática é o maxixe Cristo Nasceu na Bahia (1924), de Sebastião Cirino e Duque:


Dizem que Cristo nasceu em Belém

A história se enganou
Cristo nasceu na Bahia, meu bem
E o baiano criou


Moqueca e arroz-de-auçá / Manga, laranja e caju
Na Bahia tem vatapá / Na Bahia tem caruru


Cristo nasceu na Bahia, meu bem
Isto sempre hei de crer
Bahia é terra santa, também
Baiano santo há de ser.

Mas, segundo Ruy Castro, foi Ary Barroso que, nos anos 30, mais explorou essa fórmula. Apesar de ser mineiro, ele passou três meses na Bahia, em 1929. E, pelo jeito, esses três meses valeram por uma vida, visto a quantidade de músicas de "temática baiana" que ele fez:

Bahia (1931)

Bahia, terra do coco babaçu
Bahia, que tem muqueca e umbú
Baiana tem mandinga
Baiana tem feitiço
Eu sou da Bahia
E mereço um sacrifício

No Tabuleiro da Baiana (1936)

No tabuleiro da baiana tem
Vatapá, oi, carurú, mugunzá, tem umbú
Pra Ioiô
Se eu pedir você me dá o seu coração
Seu amor de Iaiá?

Quando Eu Penso na Bahia (1937)

Quando eu penso na Bahia
Nem sei que dô que me dá
Me dá, me dá, me dá, ioiô
Me dá, me dá, me dá. Iaiá
Se eu pudesse quarqué dia
Eu ia de novo pra lá

Na Baixa do Sapateiro (1938)

Oi Bahia ai ai Bahia que não me sai do pensamento ai ai
Faço o meu lamento oi/ Na desesperança oi
De encontrar nesse mundo
O amor que eu perdi na Bahia/ Vou contar

Os "temas baianos" pareciam casar bem com a voz de Carmen Miranda, tanto que, além de Ary Barroso, outros compositores lhe deram material para gravar: Canjiquinha Quente (Roberto Martins, 1937), Baiana do Tabuleiro (André Filho, 1937), Nas Cadeiras da Baiana (Portello Juno e Leo Cardoso, 1938), Na Bahia (Herivelto Martins e Humberto Porto, 1938)...

Então, a cantora já estava familiarizada com o tema quando gravou O Que É Que A Baiana Tem, de Dorival Caymmi (1914/), para o filme Banana da Terra. Mas, para a historiografia, parece que ali nascia a "baiana" Carmen Miranda:


A música que iria ser gravada no filme era Na Baixa do Sapateiro, de Ary Barroso. Mas, na última hora, ele decidiu cobrar cinco contos de réis para permitir que sua música fosse gravada para o filme. O cenário até já estava pronto quando aconteceu esse fato. Assim, a música de Dorival Caymmi "salvou" o filme, por custar menos e se adaptar ao cenário já feito...(a música de Ary Barroso seria usada anos depois por Walt Disney, para o filme Você Já Foi à Bahia?, de 1944)

Dorival Caymmi, ao contrário de Ary Barroso, era baiano legítimo, e fez uma música de "temática baiana" com palavras realmente "baianas":

O Que É Que A Baiana Tem
Dorival Caymmi

O que é que a baiana tem? 

Que é que a baiana tem?
Tem torço de seda, tem! Tem brincos de ouro, tem! 
Corrente de ouro, tem! Tem pano-da-Costa, tem! 
Tem bata rendada, tem! Pulseira de ouro, tem! 
Tem saia engomada, tem! Sandália enfeitada, tem! 
Tem graça como ninguém 
Como ela requebra bem! 
Quando você se requebrar Caia por cima de mim 
Caia por cima de mim 
Caia por cima de mim 
O que é que a baiana tem? 
Que é que a baiana tem?
Tem torço de seda, tem! Tem brincos de ouro, tem! 

Corrente de ouro, tem! Tem pano-da-Costa, tem! 
Tem bata rendada, tem! Pulseira de ouro, tem! 
Tem saia engomada, tem! Sandália enfeitada, tem! 
Só vai no Bonfim quem tem 
O que é que a baiana tem?
Só vai no Bonfim quem tem 
Um rosário de ouro, uma bolota assim 
Quem não tem balangandãs não vai no Bonfim 
Um rosário de ouro, uma bolota assim 
Quem não tem balangandãs não vai no Bonfim 
Oi, não vai no Bonfim 
Oi, não vai no Bonfim 
Um rosário de ouro, uma bolota assim 
Quem não tem balangandãs não vai no Bonfim 
Oi, não vai no Bonfim 
Oi, não vai no Bonfim


Tudo aconteceu muito rápido: num sábado, o compositor Newton Teixeira gravou a música na voz de Dorival Caymmi (sem ele saber o motivo) e a levou para Carmen ouvir; ela não gostou muito, mas aceitou conhecer o rapaz; no domingo, Almirante levou Dorival na casa de Carmen, onde já estavam Braguinha e Aloysio Oliveira (do Bando da Lua), para ouvi-lo; dessa vez, a cantora gostou, e ficou decidido que O Que É Que A Baiana Tem substituiria Na Baixa do Sapateiro...Dorival ainda lhe explicou que "torço de seda" era o turbante, "pano-da-costa" era o xale e "balangandãs" eram os amuletos de ouro, prata, ferro, osso ou madeira, que as baianas usavam para pedir ou agradecer algo aos santos...


Dorival Caymmi receberia cem mil réis pela música e por ajudar a compor a cena (é como se Ary Barroso cobrasse 5 milhões e Dorival cobrasse 100 mil). E isso em 1938...

E a fantasia de Carmen? Essa não era nenhuma novidade, pois as baianas já eram bem conhecidas no Rio de Janeiro, desde o século XIX, e quando começaram os desfiles das escolas de samba, o bloco das baianas foi um dos primeiros a se organizar. Além disso, usava-se muitas fantasias de baiana no Carnaval, e muitas cantoras já haviam se vestido assim, antes: Pepa Ruiz (1859/1923) em 1892, Ottilia Amorin (desde 1926), Aracy Cortes (1904/1985), desde 1928... Em 1933, apareciam baianas no filme Voando Para o Rio, de Fred Astaire e Ginger Rogers; Elisinha Coelho (1909/2001) usou uma em 1935, Heloísa Helena usou outra em Alô Alô Carnaval (1936)...

A inovação de Carmen foi no uso dos "balangandãs". A foto abaixo foi colorizada pelo norte-americano David Kauppi, em 2007. Por ela, podemos ter uma idéia de como era o vestido de Carmen usado no filme Banana da Terra:


Por precaução, ela guardou esse vestido para seus shows, e encomendou outro ao artista J. Luiz, também conhecido como Jotinha. Esse segundo vestido era feito com losangos, mas sem esquecer os balangandãs:

E foi com esse figurino que Carmen Miranda recepcionou o ator Tyrone Power (1914/1958) e sua então namorada Annabella (1907/1996), no final de 1938. Ele a aconselhou a tentar a sorte em Hollywood e ela acabou influenciando na "criação" do "salto annabella":









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