terça-feira, 9 de julho de 2013

Os Grandes Nomes da Soul Music

Pesquisar cantoras negras brasileiras me aproximou das grandes cantoras norte-americanas, e as que mais me chamaram a atenção foram as cantoras de soul music. Então, vou falar um pouco delas:

Soul (em inglêsalma) é um gênero musical dos Estados Unidos que nasceu do rhythm and blues e do gospel durante o final da década de 1950 e início da década de 1960 entre os negros. Durante a mesma época, o termo soul já era usado nos Estados Unidos como um adjetivo usado em referência ao afro-americano, como em"soul food" ("comida de negro"). Esse uso apareceu justamente numa época de vários movimentos de liberalismo social, tanto com a revolução dos jovens com o uso das drogas, como os movimentos anti-guerra e anti-racial. Por consequência, a "música soul" nada mais era que uma referência a música dos negros, independente de gênero.


1) Aretha Franklin: Aretha Louise Franklin nasceu em Menphis, Tenessee, em 1942 e começou sua carreira como cantora gospel. Uma de suas músicas mais conhecidas é Respect, composta por Otis Redding (1941/1967) em 1965.


quarta-feira, 13 de março de 2013

Mulheres Negras na Música - Parte 2


11) Alaíde Costa (RJ, 1935/) - Alaíde Costa Silveira Mondin Gomide nasceu no Rio de Janeiro e começou sua carreira no programa A Raia Miúda, de Renato Murce. Mas já tinha vencido um programa aos 13 anos (Sequência G3, na Tupi, comandado por Paulo Gracindo). É muito conhecida pela música Onde Está Você (1964), é uma grande representante da bossa nova, e era amiga de Dolores Duran. Seu primeiro disco foi gravado em 1956, e a ele seguiram-se mais 33, sendo que o mais recente é de 2011. Suas principais músicas foram Canção do Amor Sem Fim (Alaíde Costa e Geraldo Vandré, 1961), Onde Está Você (1964), Preconceito (Adilson Godoy, 1965), Preciso Aprender A Ser Só (Marcos Paulo Sérgio Valle, 1965), e outras. Fonte: http://www.cantorasdobrasil.com.br/cantoras/alaide_costa.htm



12) Elza Soares (RJ, 1937/) - Elza da Conceição Soares nasceu na Vila Vintém, uma das favelas mais antigas do Rio de Janeiro, filha de operário e lavadeira. Em 1949, com apenas 12 anos, foi obrigada, pelo pai, a se casar com Lourdes Antônio Soares, conhecido como Alaúrdes. Seu primeiro filho, João Carlos, nasceu quando ela tinha 13 anos e morreu de desnutrição. Mas, antes dele morrer, ela tentou de tudo, inclusive cantou no programa de Ary Barroso, na Rádio Tupi, onde se destacou por seu talento. Mesmo assim, não conseguiu salvar a vida do filho. Aos 15 anos teve seu segundo filho, que também não resistiu e morreu. Além dessas perdas, Elza teve que trabalhar numa fábrica de sabão, para sustentar a casa, pois o marido estava muito doente. Ele acabou morrendo tuberculoso em 1957, quando ela tinha 20 anos. Elza se viu só e com cinco filhos para criar, e teve que trabalhar como doméstica. Mas, mesmo assim, quando sobrava tempo, cantava em bares. Em 1959, aos 22 anos, Elza deu sua filha mais nova para um casal criar. Eles prometeram que ela sempre poderia ver a menina, e ainda ajudariam na criação dos outros quatro. Mas sumiram, e Elza perdeu o contato com a filha, entrando em depressão. Mesmo assim, lutou e seguiu em frente. Em 1962 conheceu o jogador Garrincha (Manuel Francisco dos Santos, 1933/1983) e ele quis separar-se, para viver com ela. Mas a sociedade da época não aceitou e acusou-a de acabar com o casamento dele. Mesmo assim, os dois se casaram, e viveram entre 1968 e 1982. Ele teve nove filhas com a primeira mulher (Nair), e queria um filho de Elza. O menino nasceu em 1977 e foi batizado como Manuel Garrincha dos Santos Júnior, o GarrinchinhaGarrincha faleceu em 1983 e o filho morreu atropelado quando tinha nove anos, em 1986. A tristeza fez com que ela fosse viver no exterior, viver de sua música, durante nove anos. Quando voltou, conseguiu descobrir o paradeiro da filha sumida, o que lhe fez bem. Dona de uma voz inconfundível, Elza Soares já gravou inúmeros discos e CDs, com destaque para suas interpretações, como Se Acaso Você Chegasse (1959), Mulata Assanhada (1960), As Polegadas da Mulata (1960), Só Danço Samba (1963), Quizumba (1966), Não Me Diga Adeus (1969), O Meu Guri (1997), Façamos (2002), e muitas outras.




13) - Aparecida (MG, 1939/) - Maria Aparecida Martins nasceu em CaxambuMinas Gerais. Desde cedo, aprendeu ritmos africanos, com sua família. Em 1949, sua família se mudou para o Rio de Janeiro, na Vila Isabel. Aparecida começou a compor e logo foi incluída no programa A Voz do Morro, de Salvador Batista. Em 1960, foi convidada a participar do filme Benito Sereno e O Navio Negreiro, com o qual ganhou uma viagem à França. Lá, apresentou-se numa boate, onde cantava suas próprias composições. Voltou ao Brasil em 1965 e logo ganhou o Concurso de Música de Carnaval do IV Centenário da Cidade do Rio de Janeiro e o III Festival de Música de Favela com a samba Zumbi, Zumbi. Foi a segunda mulher, depois de Dona Ivone Lara, a compor um samba enredo vencedor. Em 1973 gravou seu primeiro disco, com as músicas Zumbi, Zumbi e Boa Noite.



14) Áurea Martins (RJ, 1940) - Adilma Pereira dos Santos iniciou sua carreira naos Anos 60, participando do programa Tribunal de Melodias, comandado por Mário Lago e Paulo Gracindo, na Rádio Nacional. Logo foi contratada, e começou a cantar ao lado dos também iniciantes Elis Regina e Peri Ribeiro (filho de Dalva de Oliveira e Herivelto Martins). Em 1969 foi a primeira colocada na quarta edição do programa A Grande Chance, apresentado por Flávio Cavalcanti, na extinta TV Tupi. O prêmio foi a gravação de um disco (O Amor Em Paz, de 1972), e uma viagem a Portugal. Apesar de não ser conhecida da mídia, Áurea Martins é muito conhecida na noite carioca, e se apresentou com AlcioneEmílio SantiagoElza SoaresMilton NascimentoCarmen CostaDona Ivone LaraLeci Brandão e outros. Seu segundo disco (A Voz Rouca da Crooner) só foi lançado em 2004. Em 2008 lançou seu terceiro disco (Até Sangrar). Em 2010 gravou De Ponta Cabeça e em 2012 gravou Iluminante. Abaixo a foto da capa do disco de 2010:



15) Clara Nunes (MG, 1942/1983) - Clara Francisca Gonçalves nasceu em CaetanópolisMG e lá viveu até os 16 anos. Seu pai era serrador na fábrica de tecidos da cidade, e conhecido como Mané Serrador. Ela era a caçula de sete filhos, e logo se viu órfã de pai e mãe. Quem a criou foi a irmã Dindinha. Sua formação era católica e ela cantava músicas em latim, no coral da igreja local. Mas também cantava músicas "comuns", sendo que em 1952 ganhou um prêmio, cantando a música Recuerdos de Ypacarai. Tinha 10 anos então. Aos 14 anos começou a trabalhar como tecelã, na mesma fábrica onde o pai trabalhara. Mas logo se mudou para Belo Horizonte, onde foi morar com os irmãos Vicentina Joaquim.  Ali continuou trabalhando como tecelã, estudava a noite e participava do coral religioso nos finais de semana. Mas também se apresentou em programas de rádio, onde começou a se tornar conhecida, primeiro como Clara Francisca, e depois como Clara Nunes (sobrenome da mãe). No início dos anos 60 foi contratada como crooner pela Rádio Inconfidência de Belo Horizonte. Foi eleita, durante três anos consecutivos, a melhor cantora de Minas Gerais e em 1963 começou a apresentar um programa seu, Clara Nunes Apresenta, na TV Itacolomi. Nesse programa, se apresentaram artistas do quilate de Altemar Dutra e Ângela Maria. Mas durou somente um ano e meio. Em 1965, Clara mudou-se para o Rio de Janeiro. Apresentou-se em diversos programas e em 1966 gravou seu primeiro disco, A Voz Adorável de Clara Nunes. Em 1968 gravou seu segundo disco, Você Passa e Eu Acho Graça, com músicas como Sabiá, de Tom Jobim e Chico BuarquePra Esquecer (Noel Rosa), Você Passa e Eu Acho Graça (Carlos Imperial e Ataulfo Alves) e Grande Amor (Martinho da Vila). Em 1969, ela gravou A Beleza Que Canta. Nessa época, Clara Nunes se converteu ao candomblé e, em 1970, foi se apresentar em Angola. Em 1971 gravou o disco Clara Nunes, com músicas como Ê Baiana e Feitio de Oração (Noel Rosa). Em 1972 gravou Clara, Clarice, Clara, onde canta Seca do Nordeste (Waldir de Oliveira e Gilberto Andrade), Morena do Mar (Dorival Caymmi), Anjo Moreno (Candeia) e Clarice (Caetano Veloso e Capinan), entre outros. Em 1973 ela gravou o disco Clara Nunes, onde canta Tristeza Pé No Chão (Armando Fernandes), Umas e Outras (Chico Buarque) e É Doce Morrer no Mar (Dorival Caymmi). Se apresentou com Vinícius Toquinho, em Salvador, e também viajou pela Europa, fazendo shows. Na Europa lançou o disco Brasília, que serviu de base para o disco Alvorecer, de 1974. Nesse disco ela canta Menino Deus (Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro), Samba da Volta (Vinícius Toquinho), O Que É Que A Baiana Tem (Dorival Caymmi), Meu Sapato Já Furou (Élton Medeiros e Mauro Duarte), Conto de Areia (Romildo Bastos e Toninho Nascimento) e Pau-de-Arara (Guio de Morais e Luis Gonzaga), entre outras. Ainda em 1974 estrelou o espetáculo Brasileiro Profissão Esperança, ao lado de Paulo Gracindo. Esse show gerou um disco homônimo com músicas como Ternura Antiga (Ribamar Dolores Duran), Ninguém Me Ama (Fernando Lobo e Antonio Maria), Estrada do Sol (Tom Jobim e Dolores Duran), Manhã de Carnaval (Luis Bonfá e Antônio Maria), Por Causa de Você (Tom Jobim e Dolores Duran) e outras. Nesse ano ela se casou com o compositor Paulo César Pinheiro. Em 1975 gravou o disco Claridade, com músicas como O Mar Serenou (Candeia) e Valsa de Realejo (Guinga Paulo César Pinheiro). Esse disco bateu recordes de vendagem, fazendo com que as gravadoras percebessem o potencial das mulheres na indústria do disco. Em 1976, Clara Nunes gravou Canto das Três Raças, com as músicas Canto das Três Raças (Paulo César Pinheiro e Mauro Duarte), Lama (Mauro Duarte), Ai Quem Me Dera (Vinícius de Moraes) e Retrato Falado (Eduardo Gudin e Paulo César Pinheiro), entre outras. Em 1977 ela inaugurou o Teatro Clara Nunes e lançou o disco As Forças da Natureza, com as músicas As Forças da Natureza (João Nogueira e Paulo Cesar Pinheiro), Coração Leviano (Paulinho da Viola) e Fado Tropical (Chico Buarque e Ruy Guerra), entre outras. Ela também apresenta sua primeira composição, À Flor da Pele, em parceria com Paulo Cesar Pinheiro e Mauricio Tapajós. Em 1978 gravou Guerreira, com as músicas Guerreira (João Nogueira e Paulo Cesar Pinheiro) e Jogo de Angola (Mauro Duarte e Paulo Cesar Pinheiro), entre outras. Em 1979 gravou Esperança, com as músicas Na Linha do Mar (Paulinho da Viola), Ê Favela (Candeia e Jaime) e Feira de Mangaio (Sivuca Glória Gadelha). Em 1980 viajou novamente para Angola, desta vez com outros cantores e compositores, como Elba RamalhoDjavan Chico Buarque. Na volta, gravou o disco Brasil Mestiço, com a música Morena de Angola (Chico Buarque).  Em 1981 gravou Clara, com a música Portela na Avenida (Mauro Duarte e Paulo Cesar Pinheiro). Em 1982 gravou Nação, com as músicas Nação (João BoscoAldir Blanc e Paulo Emílio), Ijexá (Edil Pacheco), Novo Amor (Chico Buarque) e Mãe África (Sivuca Paulo César Pinheiro), entre outras. Em 1983, a cantora se submeteu a uma cirurgia de varizes e acabou em coma, vindo a falecer após 28 dias.



16) Jovelina Pérola Negra (RJ, 1944/1998) - Jovelina Faria Belfort foi doméstica e desfilava na ala das baianas, na Escola de Samba Império Serrano



17) Lecy Brandão (RJ, 1944/) -



18) Lia de Itamaracá (PE, 1944/) - 



19) Zezé Motta (1948/) -


20) Eliana Pittman (RJ, 1945/) -



21) Regina (RJ, 1946/) - Trio Esperança


22) Rosa Marya Colin (1946/) -



23) Alcione (MA, 1947/) - 




24) Evinha (RJ, 1951/) - 



25) Dhu Moraes (1953/) - As Frenéticas


26) Tânia Alves (RJ, 1953/) - 



27) Carmen Silva (MG, 1954/) - 



28) Sandra de Sá (RJ, 1955/) -



29) Marisa (RJ, 1957/) - Trio Esperança

30) Lady Zu (SP, 1958/) - 



31) Arícia Mess (RJ, 1959/) - é de NiteróiRJ, começou sua carreira em 1993 e já gravou dois CDs: Cabeça Coração (2000) e Onde Mora O Segredo (2010);



32) Daúde (BA, 1961/) -



33) Margareth Menezes (BA, 1962/) -


34) Izzy Gordon (SP, 1963/) - 



35) Virgínia Rodrigues (1964/) -


36) Mart'nália (RJ, 1965/) -



37) Doralice (1967/) - Doralice Otaviano é mineira, e é uma das vozes do grupo A Quatro Vozes, desde 1994. É meso-soprano, toca violão e piano e é formada em Psicologia;



40) Ana Costa (RJ, 1968/) - 



41) Nilze Carvalho (RJ, 1969/) - 



42) Simone Moreno (BA, 1969/) -

43) Paula Lima (SP, 1970/) -



44) Jurema (1971/) - Jurema V. Otaviano é mineira, irmã de Doralice e integrante do grupo A Quatro Vozes;



45) Preta Gil (RJ, 1974/) - 



46) Jussara (1975/) - Jussara Otaviano é de GuaxupéMG, assim como suas irmãs Doralice Jurema. Ela é a soprano do quarteto A Quatro Vozes;



47) Vanessa da Matta (MT, 1976/) - 



48) Carla Cristina (1977/) -

49) Mariene de Castro (BA, 1978/) - 



50) Luciana Mello (1979/) - 



51) Negra Li (SP, 1979/) - 



52) Quelynah (1981/) -



53) Ellen Oléria (1982/) -



54) Thatiana (1984/) - Thatiana Otaviano é a caçula das irmãs Otaviano, e nasceu em Pouso Alegre (MG), diferente de suas irmãs, que nasceram em Guaxupé. Ela estreou no grupo aos 12 anos, e atualmente é a contralto. O grupo já gravou três CDs, um em 2002 (Felicidade Guerreira), outro em 2004 (O Canto de Minas) e o terceiro em 2008 (Interior)


55) Leilah Moreno (1984/) -


E ainda: Graça Cunha, Ivete Souza, Leila Maria, Misty, Virgínia Rosa, Ju Moraes, Ludmilah Anjos, Késia Estácio, Loalwa Braz...

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Mulheres Negras Na Música - Parte 1

1) Chiquinha Gonzaga (RJ, 1847/1935) - Francisca Edwiges Neves Gonzaga nasceu no Rio de Janeiro e era filha de um general do Exército Imperial Brasileiro e de uma "negra muito humilde". Seu padrinho foi o Duque de Caxias e ela compôs sua primeira música aos 11 anos. Foi obrigada a casar aos 16 anos e teve três filhos desse casamento. Mas ficou somente com o mais velho, quando separou-se (escolheu a música ao marido, que vivia ausente). Em 1867, aos 20 anos, casou-se novamente, e teve uma filha. Mas as traições do marido a fizeram separar-se novamente, e ele ficou com a guarda da filha. Quando tinha 52 anos (1899) conheceu o grande amor de sua vida, o jovem João Batista, de 16 anos. Para evitar escândalos, ela fingiu adotá-lo e foram viver em Portugal durante anos. Foi nessa época que conheceu a jovem Nair de Tefé e logo se tornaram boas amigas. Mais tarde, Nair se casou com o Presidente Hermes da Fonseca, tornando-se Primeira-Dama. Em 1914, Nair convidou Chiquinha para tocar o maxixe Corta Jaca (1908) no Palácio do Catete, sede do Governo, sendo que ela mesma tocou violão. Um escândalo que foi noticiado em jornais da época. Além do Corta Jaca, Chiquinha também ficou conhecida pela marcha carnavalesca Ó Abre Alas (1899);


2) Zaíra de Oliveira (RJ, 1891/1952) - estudou no Instituto Nacional de Música, onde cursou canto lírico e se tornou soprano. Em 1921, ganhou um concurso de música, cujo prêmio era uma viagem à Europa. Mas ela não recebeu o prêmio, segundo alguns, pelo fato de ser negra. Em 1924, gravou seu primeiro disco, com dois foxtrotes: "Tudo a la garçonne" e "La monteria". Apresentou-se no Teatro Municipal de Niterói e no Cassino Copacabana, onde se apresentou ao lado de Catulo da Paixão Cearense e Bahiano. Mas seu maior êxito foi Dondoca (1927), de José Francisco de Freitas. Na década de 30, passou a se apresentar na Rádio  Sociedade do Rio de Janeiro e, em 1932, se casou com Donga (Ernesto Joaquim Maria dos Santos), com quem teve uma filha, Lígia. Gravou 22 discos de 78 rpm.



3) Clementina de Jesus (RJ, 1901/1987) - Clementina de Jesus da Silva nasceu em Valença, RJ. Mudou para a capital em 1909. Morava no bairro Osvaldo Cruz, onde nasceu a Escola de Samba Portela (1923). Mas, em 1940 casou-se, mudando para o bairro da Mangueira. Humilde, trabalhou como doméstica por mais de 20 anos, até que foi "descoberta" em 1963, por Hermínio Bello de Carvalho. Desde então, gravou cinco discos (1966, 1970, 1973, 1976 e 1979). Ficou conhecida pelas músicas Marinheiro Só  e Na Linha do Mar (1973), Ajoelha (1976) e Sonho Meu (1979). Em 1977 foi homenageada com a música Clementina, Cadê Você?, cantada por Clara Nunes. Era conhecida como Rainha Ginga e Quelé. Morreu vitimada por um derrame;


4) Aracy de Almeida (1914/1988) - Araci Teles de Almeida era carioca, e pertencia a uma família protestante. Quando jovem, cantava hinos na Igreja Batista, mas frequentava terreiros de candomblé, onde tinha contato com música negra. Em 1933 conheceu o compositor Custódio Mesquita e, por intermédio dele, foi cantar na Rádio Educadora (depois Tamoio). Ali conheceu Noel Rosa e tornou-se sua companheira de boemia e principal intérprete. Passou a se apresentar em diversas rádios, e até fez uma excursão pelo Rio Grande do Sul, com Carmen Miranda. Em 1936, gravou Palpite Infeliz, de Noel, e em 1937 gravou Último Desejo, pouco antes de Noel morrer. Em 1938 gravou Feitiço da Vila, de Noel e em 1939 gravou Camisa Amarela, de Ary Barroso. Ela ainda gravaria dois LPs com músicas de Noel Rosa, um em 1950 e outro em 1951. Nas décadas de 60 e 70 entrou em decadência, perdendo espaço para a bossa nova. Foi então para a televisão, onde trabalhou como jurada com diversos apresentadores (Bolinha, Chacrinha, Sílvio Santos e outros). Morreu de um edema pulmonar;



5) Elizeth Cardoso (RJ, 1920/1990) - Elizeth Moreira Cardoso nasceu no Rio de Janeiro, num subúrbio da Zona Norte, onde cantava desde pequena. Seu pai era seresteiro e ela cantava sucessos de Vicente Celestino. Entre 1930 e 1935 foi balconista, funcionária de uma fábrica de saponáceos e cabeleireira. Quando fez 16 anos (1936), no dia de seu aniversário, foi convidada pelo chorão Jacob do Bandolin para um teste na Rádio Guanabara. Começou sua carreira naquele ano e em 1939 casou-se com músico e comediante Ari Valdez, mas o casamento durou pouco. Em sua carreira, gravou dezenas de discos, sendo o primeiro em 1950, em 78 rpm e o último em 1991. Suas interpretações mais conhecidas são Linda Flor (1955), Chega de Saudade (1958) e Naquela Mesa (1972). Era conhecida como A Divina;



6) Carmen Costa (RJ, 1920/2007) - Carmelita Madriaga nasceu em Trajano de Moraes (RJ), e foi empregada doméstica do cantor e compositor Francisco Alves. Durante uma festa, com a presença de Carmen Miranda, Chico Viola a incentivou a cantar e seguir carreira. Assim, ela foi parar no programa de Ary Barroso, onde venceu um concurso, e passou a fazer dupla com o cantor Henricão (Henrique Felipe da Costa, 1908/1984). Em 1945, ela se casou com o americano Hans Van Koehler e foi morar nos EUA. Voltou ao Brasil na década de 50, e teve um romance de 5 anos com o compositor Mirabeau Pinheiro, com quem teve sua única filha, Silésia. Gravou 7 LPs, 2 CDs e 59 discos de 78 rpm. Suas músicas mais conhecidas são Está Chegando A Hora (1942), Cachaça (1952) e Eu Sou A Outra (1953), entre outras.



7) Dona Ivone Lara (RJ, 1921/) - Yvonne Lara da Costa é do Rio de Janeiro e perdeu o pai aos três anos e a mãe aos doze. Foi criada pelos tios, com quem aprendeu a tocar cavaquinho. Teve aulas de canto com Lucília Villa-Lobos, esposa do maestro Heitor Villa-Lobos. Em 1946 casou-se com Oscar Costa, filho  de Alfredo Costa, Presidente da Escola de Samba Prazer da Serrinha. Também trabalhou como assistente social, e trabalhou em hospitais psiquiátricos, onde conheceu a Doutora Nise da Silveira. Quando Mano Décio da Viola e Silas de Oliveira se desentenderam com Alfredo Costa e fundaram a Império Serrano, ela foi junto e passou a desfilar na ala das baianas. Em 1977 se aposentou como assistente social, e dedicou-se apenas à música. Gravou dezesseis discos até o presente momento e tem, entre seus sucessos, as músicas Tiê Tiê (1974), Sorriso Negro (1982), Lamento do Negro (1983) e outras;



8) Inhana (SP, 1923/1981) - Ana Eufrosina da Silva Santos nasceu na cidade de Araras, em SP, e seu primeiro contato com a música foi participando de um conjunto com os irmãos. Em 1941, quando tinha 18 anos, conheceu a dupla Chopp e Cascatinha (nome de uma cerveja famosa na época) e, neste mesmo ano, casou com Cascatinha (Francisco dos Santos - 1919/1996). Os três formaram, a princípio, o Trio Esmeralda, e Ana adotou o nome artístico de Inhana. Fizeram sucesso nas rádios Mayrink Veiga e Nacional, no Rio de Janeiro. Em 1942, Chopp abandonou a dupla, que passou a ser conhecida como Cascatinha e Inhana. Os dois ingressaram na trupe do Circo Estrela D'Alva, viajando pelos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Depois ingressaram no Circo Imperial, onde ficaram cinco anos. Em 1947 se apresentaram na Bauru Rádio Club, pela primeira vez como dupla. Em 1950 foram contratados pela Rádio Record, onde ficaram até 1962. Em 1951, gravaram seu primeiro disco, pela Todamérica, onde cantaram La Paloma e Fronteiriça. Em 1952 gravaram seus dois maiores sucessos: Meu Primeiro Amor e Índia, as duas versões feitas por José Fortuna. Em 1953 gravaram Mulher Rendeira e em 1959 gravaram Colcha de Retalhos. Também participaram de filmes e Inhana gravou disco solo. Assim, tornaram-se uma das maiores duplas sertanejas brasileiras, e mantiveram-se ativos até a morte de Inhana, em 1981.



9) Ângela Maria (RJ, 1928/) - Abelim Maria da Cunha nasceu em Conceição de Macabu (RJ), filha de um pastor evangélico e uma dona-de-casa. Por isso, seus primeiros contatos com a música foi cantando no coral da Igreja Batista. Mudou-se muito, e seus primeiros empregos foram numa fábrica de lâmpadas e numa fábrica de tecidos. Mesmo contra a vontade do pai, acabou conseguindo se apresentar numa rádio e, em 1947, começou uma das carreiras mais famosas do Brasil. Adotou o nome Ângela Maria para não ser descoberta pelos pais. E assim, em 1951, entrou na Rádio Mayrink Veiga. A essa altura, os pais já sabiam, e mesmo não aprovando, aceitavam. Gravou dezenas de sucessos como Não Tenho Você (1951), Fósforo Queimado (1953), Vida de Bailarina (1954), Lábios de Mel (1955), Balada Triste (1958), Cinderela (1966), Gente Humilde (1970). Mas o sucesso pelo qual é mais lembrada é Babalu, versão da música de 1941. Sua vida pessoal, ao contrário da profissional, foi muito sofrida: casou quatro vezes, mas sofreu muito na mão dos maridos, sendo inclusive espancada. Somente quando conheceu o atual marido, Daniel (mais de 30 anos mais jovem) é que descobriu a felicidade. Antes disso, passou por situações de pobreza e até tentou suicídio. Seu apelido é Sapoti, dado por Getúlio Vargas. Gravou 14 LPs, 11 Compactos Simples e 20 Compactos Duplos, entre outros (Fonte: http://www.angelamaria.com.br/discos.html):




10) Dolores Duran (RJ, 1930/1959) - Adiléia Silva da Rocha nasceu no Rio de Janeiro e, além de cantora, também compôs muitas músicas. Sua infância foi pobre e ela não conheceu o pai. Desde pequena gostava de cantar, mas contraiu febre reumática, que deixou sequelas para a vida toda, principalmente um sopro cardíaco. Mesmo assim, a garota não desanimou e, aos 12 anos (1942) ganhou o primeiro prêmio no programa Calouros Em Desfile, de Ary Barroso. Parou de estudar, e se dedicou à carreira artística. Depois, ela foi auxiliada pelo casal Lauro e Heloísa Paes de Andrade, e adotou o nome Dolores Duran. E, mesmo sem conhecer línguas, começou a cantar em diversos idiomas. A cantora Ella Fitzgerald garantiu que a sua interpretação de My Funny Valentine foi a melhor que já ouvira. Ela logo adquiriu fama, namorou com Billy Blanco e João Donato, e compôs várias músicas em parceria com Tom Jobim e até com Chico Anísio. Em 1955 sofreu um infarto, mas não deu atenção às recomendações médicas, abusando do cigarro e do álcool. Uniu-se ao compositor Macedo Neto, engravidando dele. Mas teve uma gravidez tubária, se tornando estéril e perdendo o feto. A depressão que a acompanhava aumentou, mas ela decidiu casar com Macedo. Mas ele proibiu a mãe dela de assistir o casamento por ela ser negra. Somente a irmã Denise compareceu. O casamento durou até 1958, quando ela foi para a Europa, Ásia e Uruguai. Na volta, adotou uma menina pobre e negra, batizando-a de Maria Fernanda da Rocha Macedo. O ex-marido aceitou dar-lhe seu nome, mesmo não estando mais casado com Dolores. No último dia de sua vida, chegou em casa às sete da manhã, brincou com a filha adotiva e avisou a empregada: "não me acorde, pois quero dormir até morrer". De fato, sofreu um infarto fulminante durante o sono, e morreu aos 29 anos. Gravou mais de 20 discos e deixou músicas inesquecíveis como Canção da Volta (1955, de Ismael Netto e Antonio Maria), Por Causa de Você (1957, Dolores Duran e Tom Jobim), Não Me Culpes (1958, Dolores Duran), Viva Meu Samba (1958, Billy Blanco), Estrada do Sol (Tom Jobim e Dolores Duran, 1958), Prece de Vitalina (1959, Chico Anísio e Dolores Duran), A Noite do Meu Bem (Dolores Duran, 1959) e Fim de Caso (Dolores Duran, 1959), entre outras.



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