quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Aracy Cortes - Linda Flor



Zilda de Carvalho Espíndola, conhecida como Aracy Cortes, (Rio de Janeiro, 31 de março de 1904 — Rio de Janeiro, 8 de janeiro de 1985) foi uma cantora brasileira.

Abaixo, Aracy canta Linda Flor, sucesso de Henrique Vogeler, que também foi cantado por Carmen Miranda, antes de se tornar famosa. No vídeo, alguns detalhes da vida dessa cantora:



Linda Flor - Composição: Henrique Vogeler, Cândido Costa, Luiz Peixoto e Marques Pôrto

Ai, Ioiô
Eu nasci pra sofrer
Fui olhar pra você, meus zoinho fechou
E quando os olhos abri, quis gritar, quis fugir
Mas você, eu não sei porque
Você me chamou
Ai, Ioiô
Tenha pena de mim
Meu Senhor do Bonfim pode inté se zangá
Se ele um dia souber
Que você é que é, o Ioiô de Iaiá
Chorei toda noite, pensei
Nos beijos de amor que te dei
Ioiô, meu benzinho do meu coração
Me leva pra casa, me deixa mais não
Ai, Ioiô
Tenha pena de mim
Meu Senhor do Bonfim pode inté se zangá
Se ele um dia souber
Que você é que é, o Ioiô de Iaiá

Carmen Miranda - Parte III (1928/1930)



Acima, o baiano Josué de Barros (1888/1959) com Carmen Miranda. Naquele longínquo 1928, ele chegou à conclusão, depois de ouvir as músicas, que ela tinha futuro, e logo se empenhou em "lapidar o diamante" de 19 anos. E, em janeiro de 1929, ela estava pronta para o seu primeiro público, do qual fazia parte sua família. E cantou outros dois tangos: Che, Papusa Oi (de Hernán Matos Rodriguez e Domingo Enrico Cadícamo) e Caminito (de Juan de Dios Filiberto e Gabino Coria Peñaloza), um de 1927 e outro de 1926...

De nacional, ela cantou Chora Violão (de Josué de Barros) e Linda Flor (de Henrique Vogeler e Candido Costa).

O sucesso da apresentação fez com que Josué, empolgado, a levasse a outros eventos e também a rádios. E, em 1929, as rádios começaram a mudar sua programação, começando a incluir músicas populares...era o momento certo para que Josué de Barros lançasse sua "descoberta"...

Por volta de agosto ou setembro de 1929, Josué levou Carmen para conhecer o Diretor Artístico de uma nova gravadora, chamada Brunswick: Henrique Vogeler (1888/1944), o autor de Linda Flor, que Carmen cantara m janeiro daquele ano. Ali mesmo ela apresentou sua voz nesse que é o primeiro samba-canção (segundo Ruy Castro) e conquistou "sua platéia". Assim, gravou seu primeiro disco...Abaixo, Henrique Vogeler:



O disco tinha duas músicas: Não Vá Simbora e Se O Samba É Moda, ambas de Josué de Barros...Mas foram informados que o disco só seria lançado em 1930.

Não querendo esperar tanto tempo, Josué procurou outra gravadora: a Victor. Em novembro, foi até a sede da gravadora, e conversou com Rogério Guimarães (1900/1980, responsável pelo cast e repertório), e praticamente implorou que ele ouvisse Carmen. Apesar de achar desnecessário, Rogério aceitou a opinião de Pixinguinha (1897/1973, que cuidava dos arranjos e da regência da orquestra de acompanhamento), e ouviu a moça. Com a palavra, Ruy Castro:

Ali estava uma cantora como nenhuma outra no Brasil. Aliás, praticamente não havia com quem compará-la. Havia as cantoras de salão, como Elisinha Coelho e a própria Jesy (Barbosa, 1902/1987), muito competentes, mas de uma reverência quase religiosa diante do microfone. E havia as cantoras do teatro, que só as vezes gravavam, como a estupenda Aracy Côrtes (1904/1985), uma soprano valente e afinadíssima, mas mais interessada na nota certa (que ela infalivelmente alcançava), do que na interpretação. Seus agudos causavam sensação no palco. Só que o teatro era uma coisa e o disco, outra. Carmen, também soprano e também afinadíssima, com uma dicção de cristal, não alcançava a extensão de Aracy nos agudos, mas tinha mais peso na voz e capacidade de trabalhar igualmente nos médios. Isso indicava seu potencial para cantar numa variedade de ritmos e estilos. E Carmen tinha a interpretação, a bossa da cantora de rua - um talento para enxergar nas entrelinhas das frases, tomar liberdades com a melodia e surpreender o ouvinte com seus achados.

Nota: Jesy Barbosa era a única contratada da Victor, quando Carmen fez seu teste.

Imediatamente, decidiu-se a estratégia de lançamento: Carmen cantaria músicas brasileiras, e não se diria que era nascida em Portugal, para que ninguém pensasse que ela fosse cantora de fados. Assim, no dia 4 de dezembro, ela gravou seu primeiro disco na Victor. De um lado, a música Triste Jandaia, e do outro, Dona Balbina. Ambas de Josué de Barros.

Em janeiro de 1930, nos dias 22 e 23, ela foi chamada para gravar mais músicas: Burucutum, de Sinhô, Mamãe Não Quer, de Américo de Carvalho e Iaiá Ioiô, de Josué de Barros.

Mas, antes que esse disco chegasse às lojas, houve o encontro de Carmen com Joubert de Carvalho (1900/1977). Segundo a lenda, Joubert estaria passando pela frente de uma loja de discos, quando o gerente o chamou, para ouvir um "disco novo", e ele ouviu Triste Jandaia. Gostou tanto, que pediu para ouvir mais vezes. E, segundo ele, tinha a sensação de "ver" a cantora. Nesse momento, ela teria entrado na loja e foi apresentada a ele, que imediatamente expôs seu desejo de compor alguma música para ela gravar. Ela agradeceu e se despediram.

Menos de 24 horas depois, ele tinha uma música pronta para Carmen: Taí (ou Ta-hi), Pra Você Gostar de Mim. No dia 27 de janeiro de 1930 Carmen gravou a música (tempo recorde) e no Carnaval daquele ano ela foi lançada. Antes do Carnaval, o povo cantava Iaiá ioiô e Dá Nela (de Ary Barroso). Após a gravação de Taí, a música se "alastrou" pelo Rio de Janeiro, e antes que o Carnaval terminasse, todos a conheciam. Três marchinhas num único ano era coisa que nunca tinha se visto. E uma que fizesse sucesso tão rápido, menos ainda...Abaixo, ouça o sucesso do Carnaval de 1930:

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Novelas: O Cravo & A Rosa e Chocolate Com Pimenta



Entre junho de 2000 e março de 2001, a Rede Globo veiculou a novela O Cravo E A Rosa, escrita por Walcir Carrasco e Mário Teixeira, e inspirada na peça A Megera Domada, de William Shakespeare.

Essa novela era ambientada nos Anos 20, e a Trilha Sonora teve músicas dessa época, que acabaram virando sucessos atuais:

1) Jura - música composta por Sinhô (José Barbosa da Silva) em 1928, e interpretada por Zeca Pagodinho:



2) Tristeza do Jeca - música composta por Angelino de Oliveira em 1922,e interpretada por Sérgio Reis;

3) Tea For Two, música de 1924, composta por Vincent Youmans e Irving Caesar e interpretada por Ella Fitzgerald e Count Basie (aqui, interpretada por Doris Day):





Anos depois, Walcir Carrasco escreveu Chocolate Com Pimenta (setembro de 2003 a maio de 2004), e novamente ouvimos músicas daqueles tempos:

1) Tristeza do Jeca, dessa vez interpretada por Zezé Di Camargo e Luciano;

2) Sensação, uma "versão" em português, da música Baby Face (Harry Akst e Benny Davis, 1926), interpretada pelo trio KLB. Aqui, interpretada por Julie Andrews:



3) Tá-Hi, de Joubert de Carvalho, interpretada por Eduardo Dusek.

É interessante observar o espanto das pessoas quando descobrem que essas músicas são da década de 20...cerca de 90 anos depois, e ainda fazem sucesso. Você já tinha ouvido alguma delas?

sábado, 22 de janeiro de 2011

Carmen Miranda - Parte II (1925/1928)

...numa noite de setembro de 1895, José Agostinho Pereira da Cunha perguntou a Nestor de Barros, Mário Spínola e Augusto da Silveira Lopes o que achavam em de se fundar um clube de remo. Eles concordaram com a idéia, a notícia correu logo pelo Largo do Machado e as adesões surgiram na primeira noite.

Fonte: http://www.logado.info/ (Conheça a história do Clube de Regatas do Flamengo)

Assim nasceu o Clube de Regatas Flamengo. Seu fundador foi José Agostinho Pereira Cunha. E seu filho, Mário Cunha, foi o primeiro namorado de Carmen Miranda.

A família de Carmen logo se acostumou ao rapaz. Mario, irmão de Carmen, e então com 14 anos, conseguiu um bom emprego de vendedor, numa loja de portugueses, com influência do Mário namorado. E também começou a se interessar pelo remo, não no Flamengo, mas no Vasco. Abaixo, uma foto de Carmen, dedicada a Mário. Ela usava muitos diminutivos ("maridinho", "queridinho", "marinho") e terminava com vários "sim" ("sim? Sim?").



Mas, nem tudo eram flores, na família Miranda da Cunha. Na mesma época em que Carmen começou a namorar, Olinda teve uma desilusão amorosa e, coincidentemente ou não, contraiu tuberculose, a "doença romântica". Assim, em 1926, ela foi mandada para Portugal, a fim de se tratar. Tinha 18 anos...

Em 1926 (e ainda hoje), muitas jovens queriam ser atrizes de cinema. Então, qualquer forma de atingir essa meta, era uma festa. Para Carmen, então com 17 anos, não era diferente. Assim, quando teve uma foto sua publicada sob o título "Quem será a rainha do cinema nacional?", ela ficou muito feliz, apesar de nem ter seu nome publicado. Abaixo de sua foto, a frase: "Uma extra de nossa filmagem...E depois disso haverá ainda quem duvide se podemos ou não ter estrelas?"



Em 1927, houve um concurso, e o prêmio seria um contrato em Hollywood. Carmen se inscreveu, mas foi desclassificada logo no início. Os vencedores foram a carioca Lia Torá (Horacia Correa d'Avila) e o paulistano Olympio Guilherme, que embarcaram para Hollywood em agosto daquele ano. Para Carmen, aquele parecia o fim...Abaixo, Lia Torá e, no detalhe, Olympio Guilherme, dosi brasileiros que foram para Hollywood, mas pouco brilharam...



E, se o cinema parecia distante para Carmen, quem dirá a música: havia, em 1927, duas rádios (Rádio Sociedade e Rádio Clube do Brasil), que tocavam músicas de discos emprestados ou algum recital de piano, de vez em quando. E a Odeon, praticamente a única indústria fonográfica da época, tinha meia dúzia de cantores, e nenhuma mulher.

Mal sabia ela que isso logo mudaria: com o advento do som, o cinema e também a música entravam numa nova era, onde seriam necessárias novas vozes, e muitas, tanto de homens como de mulheres.

Em 1928, o baiano Anibal Duarte de Oliveira, pediu a seu conterrâneo, Josué de Barros, ouvisse Carmen cantar. Em janeiro de 1929, eles estariam promovendo um show beneficente no Instituto Nacional de Música. A renda seria para a Policlínica de Botafogo. E Anibal acreditava que Carmen poderia fazer sucesso. Ela cantou os tangos Garufa (Juan Antonio Colazzo, Roberto Fontaina e Victor Soliño), Mama, Yo Quiero Un Novio (Ramon Colazzo e Roberto Fontaina), Chora Violão (do próprio Josué) e Jura, de Sinhô. Abaixo, clipe da música Garufa:

1929 - Dorinha, Meu Amor



Dorinha, meu amor (samba/carnaval, 1929) - Freitinhas

Dorinha meu amor
Porque me fazes chorar?
Eu sou um pecador
E sofro só por te amar

Não sei qual a razão
Que eu sofro tanto assim
Castigo sim, castigo sim
Imploro a Deus
Para vencer o teu amor
O teu amor, amor

Dorinha juro que
Só pensarei em ti
Somente em ti
Somente em ti
Só tu que podes dar
Alívio a esta dor
Ao teu cantor, cantor

Ano: 1929 (ano em que a Bolsa de Valores de New York quebrou, e a crise que ela provocou atingiu não só os Estados Unidos, mas o mundo todo, inclusive o Brasil, onde provocou o fim da República Velha e da Política do Café-com-Leite);

Compositor: José Francisco de Freitas, o Freitinhas, nasceu no RJ em 1897 e faleceu em 1956. Compôs diversas músicas, entre elas Dorinha, nos anos 20. Mas, nos anos 30, parou de compor...

Intérprete: Mário da Silveira Reis, o Mário Reis, nasceu no RJ em 1907 e faleceu em 1981. Foi aluno de violão de Sinhô e ele, gostando da forma como o rapaz interpretava seus sambas, o convidou para gravar. Seu primeiro disco foi lançado em 1928. Gravou Dorinha em 1929...

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Carmen Miranda - Parte I (1909/1925)







Essas fotos foram tiradas em Portugal, na cidade de Marco de Canaveses, na Várzea da Ovelha e Aliviada. Elas mostras uma casa, em duas épocas distintas: em 1909 e em 2008. Em 1909, não havia o asfalto, a eletricidade, as placas...E também não havia a parte de cima (com azulejos azuis). Apenas a parte de baixo...E foi nesta casa que nasceu a pequena Maria do Carmo Miranda da Cunha, no dia 9 de fevereiro de 1909...



Os pais da menina eram o barbeiro José Maria Pinto Cunha (1887/1938) e Maria Emília Miranda (1886/1971). O casal já tinha uma filha: Olinda, nascida em 1907.

Logo depois que Maria do Carmo nasceu, seu pai veio para o Brasil (setembro) a procura de uma vida melhor, para si e para sua família. Em dezembro do mesmo ano, foi a vez da mãe vir com as duas meninas, uma com três e outra com quase um ano de idade...Foram até o Porto (cerca de 40 km de Marco de Canaveses) e de lá embarcaram para o Rio de Janeiro, onde se instalaram no Bairro de São Cristóvão. Mas ficaram pouco ali...

Em 1911, a família se mudou para o Centro do Rio de Janeiro, na Rua Senhor dos Passos, 59. Abaixo, foto da região, no início do Século:



Nessa época, Maria do Carmo já era chamada de "Carminha" ou "Carmen". Seu tio Amaro, sócio de seu pai, dizia que ela era "morena como uma espanhola", e isso o fazia lembrar da ópera "Carmen" (de Bizet). Em 1912, esse tio apadrinhou o terceiro filho do casal, que também foi chamado de Amaro. Depois disso, voltou para a Europa, e não se soube mais dele. Tanto o tio como o sobrinho, eram chamados de "Mário", pela família. Abaixo, Carmen em 1913, com quatro anos de idade...Nesse ano, nasceu a quarta filha do casal, que foi batizada de Cecília. Ela já nasceu em novo endereço: Rua da Candelária, 50, também no Centro do Rio.



Em 1915, nasceu a quinta criança, na casa dos Miranda da Cunha: Aurora. Agora, a família era formada por quatro meninas e um menino. Mas o aluguel estava ficando caro e a região era perigosa. Por isso, em 1915, a família se mudou novamente, dessa vez para a Lapa, na Rua Joaquim Silva, 53, casa 4. Abaixo, um cartão postal de 1910, colorido artificialmente, onde podemos ver os Arcos da Lapa:



Ali, Dona Maria começou a lavar roupas para fora, a fim de ajudar no sustento de tantos filhos. Mesmo assim, em 1917, teve seu caçula: Oscar. Enquanto isso, Olinda e Carmen já começavam a estudar, no Colégio Santa Teresa, de freiras vicentinas.



A irmã mais velha, Olinda, é que ajudava a cuidar dos irmãos mais novos, e também foi a primeira a se sacrificar pela família: em 1919, aos doze anos, teve que parar de estudar, e começou a trabalhar como aprendiz no ateliê de chapéus de Madame Anaïs Grandjean, uma francesa para quem Dona Maria lavava roupas. Ela era animada, gostava de cantar e pular o Carnaval, se vestia muito bem e era muito bonita. Provavelmente, foi em Olinda que Carmen se espelhou. Acima, Olinda, em sua juventude, fantasiada de "melindrosa", para o Carnaval...

Em 1920, as freiras levaram as alunas do Colégio (entre elas Carmen), para recepcionar o Rei Alberto e a Rainha Elizabeth, da Bélgica, que estavam visitando o Rio. Foi o primeiro contato que Carmen teve com um lugar luxuoso e requintado (a Embaiaxada da Bélgica). Ela cantava muito bem, e provavelmente tenha se apresentado (com as outras meninas da Escola), na Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, de Edgar Roquette-Pinto e Henrique Morize. Pena que quase ninguém tinha rádio, para ouvir...Abaixo, registro da visita dos reis da Bélgica, em 1920:



Em 1923, Carmen parou de estudar e em 1925, a família se mudou novamente para o Centro, na Travessa do Comércio, 13. A Lapa já estava ficando perigosa nessa época, e os Miranda da Cunha não achavam bom criar seus filhos ali...Abaixo, o Arco do Teles, que fica na entrada da Travessa do Comércio, onde a família Miranda da Cunha foi morar, e as irmãs Carmen e Aurora, posando na porta do número 13:





E como era Carmen, nessa época? O escritor Ruy Castro nos revela, no livro Carmen, Uma Biografia:

Pele morena, olhos verdes e muito vivos, boca rasgada, dentes brancos e perfeitos, fato cabelo castanho-claro. Pequenina, é verdade - 1,52 metro e nunca passaria disso -, mas um pitéu: seios de granito, quadris anchos, pernas grossas e firmes. Carmen já estava pronta desde a adolescência. Só não gostava de seu nariz, que, de tão arrebitado, comparava ao de Cyrano, e de uma pinta amarela que trazia no olho esquerdo. Mas era coquete - sabia de seu poder de sedução e gostava disso.

O aluguel era maior, nessa região do Rio de Janeiro. Assim, Dona Maria começou a servir refeições a trabalhadores da região. Mario (Amaro) e Cecília pararam de estudar, para ajudar em casa, e Carmen iria procurar um emprego. Seu primeiro emprego foi no ateliê de Madame Anaïs, o mesmo onde Olinda começara. Mas seu primeiro salário foi pago na La Femme Chic, que ficava na Rua do Ouvidor, 141, onde ela passou a fazer chapéus e balconista.

Carmen era muito criativa: além de criar chapéus, também costurava seus vestidos. Isso seria muito importante, no futuro...

O segundo emprego de Carmen foi na loja de artigos masculinos A Principal. Foi ali que ela conheceu Mario Cunha, seu primeiro namorado. Abaixo, o casal Carmen e Mário...



Continua...

Fontes: http://carmen.miranda.nom.br/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Carmen_Miranda
Carmen, Uma Biografia (Ruy Castro)

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Carnaval - Parte 3 (Marchinhas de Carnaval)

Marcha de Carnaval, também conhecida como "marchinha", é um gênero de música popular que esteve no carnaval dos brasileiros dos anos 20 aos anos 60 do século XX, altura em que começou a ser substituída, na preferência do público, pelo samba enredo.
A primeira marcha foi a composição de 1899 de Chiquinha Gonzaga, intitulada Ó Abre Alas, feita para o cordão carnavalesco Rosa de Ouro.
Na origem foi, no entanto, um estilo musical importado para o Brasil. Descende diretamente das marchas populares portuguesas, partilhando com elas o compasso binário das marchas militares, embora mais acelerado, melodias simples e vivas, e letras picantes, cheias de duplo sentido. Marchas portuguesas faziam grande sucesso no Brasil até 1920, destacando-se Vassourinha, em 1912, e A Baratinha, em 1917.

Marchas Famosas:

1899 - Ó Abre Alas - Chiquinha Gonzaga

1929 - Dorinha, Meu Amor - Freitinhas

Dorinha meu amor
Porque me fazes cho...rar?
E sou um pecador
E sofro só por te amar


1930 - Ta-hi (Pra Você Gostar de Mim) - Joubert de Carvalho

Tá-hi / Eu fiz tudo pra você gostar de mim
Oh meu bem / Não faz assim comigo não
Você tem, você tem / Que me dar seu coração


Como você pode ver, as marchinhas dos anos 20 ainda eram simples. Mas, nos anos 30, começaram a surgir os grandes sucessos do Carnaval, e a competição ficou mais acirrada:

1932 - O Teu Cabelo Não Nega - Lamartine Babo e Irmãos Valença

O teu cabelo não nega mulata
Porque és mulata na cor...
Mas como a cor não pega mulata
Mulata eu quero o teu amor


1933 - Linda Morena - Lamartine Babo

Linda morena, morena
Morena que me faz penar
A lua cheia que tanto brilha
não brilha tanto quanto o teu olhar


1934 - Cidade Maravilhosa - André Filho e Linda Lourinha - Braguinha e Lamartine Babo

Cidade Maravilhosa
Cheia de encantos mil
Cidade Maravilhosa
Coração do meu Brasil


Lourinha, lourinha
Dos olhos claros de cristal
Desta vez, em vez da moreninha
Serás a rainha do meu carnaval


1936 - Balancê - João de Barro e Alberto Ribeiro, Pierrot Apaixonado - Noel Rosa e Heitor dos Prazeres

Ô balancê balancê
Quero dançar com você
Entra na roda morena pra ver
Ô balancê balancê


Um Pierrot apaixonado
Que vivia só cantando
Por causa de uma Colombina,
Acabou chorando, acabou chorando


1937 - Mamãe Eu Quero - Jararaca e Vicente Paiva

Mamãe eu quero... / Mamãe eu quero...
Mamãe eu quero mamar...
Dá a chupeta... / Dá a chupeta...
Dá a chupeta pro bebê não chorar! (bis)


1938 - Pastorinhas - Noel Rosa e João de Barro, Pegando Fogo - José Maria de Abreu e Francisco Matoso e Yes, Nós Temos Bananas - João de Barro e Alberto Ribeiro

A estrela D’alva / No céu desponta
E a lua anda tonta
Com tamanho esplendor
E as pastorinhas / Pra consolo da lua
Vão cantando na rua
Lindos versos de amor


Meu coração amanheceu pegando
fogo, fogo, fogo
Foi uma morena que passou perto de mim
E que me deixou as......sim - BIS


Yes, nós temos bananas
Banana pra dar e vender
Banana, menina, tem vitamina
Banana engorda e faz crescer


1939 - A Jardineira - Benedito Lacerda e Humberto Porto

Oh jardineira / Porque estás tão triste
Mas o que foi que te aconteceu? / Foi a camélia
Que caiu do galho / Deu dois suspiros / E depois morreu
Vem jardineira / Vem meu amor / Não fique triste
Que este mundo é todo teu / Tu és muito mais bonita
Que a camélia que morreu ......


1941 - Allah-la-ô - Haroldo Lobo e Nássara e Aurora - Mário lago e Roberto Roberti

Allah-la-ô, ô ô ô ô ô ô
Mas que calor, ô ô ô ô ô ô
Atravessamos o deserto do Saara
O Sol estava quente, queimou a nossa cara


Se fosse sincera / Ô ô ô ô, Aurora
Veja só que bom que era / Ô ô ô ô , Aurora


1942 - Nós Os Carecas - Arlindo Marques Jr. e Roberto Roberti


Nós, nós os carecas / com as mulheres, somos os maiorais
E na hora do aperto / É dos carecas que elas gostam mais


1947 - Pirata da Perna de Pau - João de Barro

Eu sou o pirata da perna de pau
Do olho de vidro, da cara de mau


1949 - Chiquita Bacana - João de Barro e Alberto Ribeiro

Chiquita bacana lá da Martinica
Se veste com casca de banana nanica


Como você pôde notar, as marchinhas de Carnaval mais famosas foram feitas todas nas décadas de 30 e 40...Abaixo, Raul Seixas e Wanderléia cantando marchinhas de Carnaval, em 1978:

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Carnaval - Parte 2 (Escolas de Samba)



A aparição das escolas de samba está ligada à própria história do Carnaval carioca em si, bem como da criação do samba moderno. Foram os sambistas do Estácio (bairro do Rio), com a fundação da Deixa Falar, em 1928, que organizaram as bases das atuais escolas de samba, entre eles Ismael Silva (1905/1978, na foto), na sua idéia de criar um bloco carnavalesco diferente, que pudesse dançar e evoluir ao som do samba.

Data de 1929 o primeiro concurso de sambas, realizado na casa de Zé Espinguela, onde saiu vencedor o Conjunto Oswaldo Cruz, e do qual também participaram a Mangueira e a Deixa Falar. Alguns consideram este como sendo o marco da criação das escolas de samba.
No entanto, entre 1930 e 1932, estas apenas foram consideradas como uma variação dos blocos, até que em 1932 o Jornal Mundo Sportivo, de propriedade do jornalista Mário Filho, decidiu patrocinar o primeiro Desfile de Escolas de Samba, na Praça Onze.
Na redação do jornal - que também abrigava compositores de sucesso (tais como Antônio Nássara, Armando Reis e Orestes Barbosa), surgiu a idéia de realizar a organização de um desfile carnavalesco. O jornal, inaugurado no ano anterior por Mário Filho, irmão do jornalista Nelson Rodrigues, com o término do campeonato de futebol, estava sem assunto e perdia leitores; por este motivo, o jornalista Carlos Pimentel, muito ligado ao mundo do samba, teve a idéia de realizar na Praça Onze um desfile de escolas de samba, na época ainda grafadas entre aspas.
A convite do Mundo Esportivo, 19 escolas compareceram. O jornal estabeleceu critérios para o julgamento das escolas participantes. A tradicional "ala das baianas" era pré-requisito para concorrer, sendo que as escolas, todas com mais de cem componentes, deveriam apresentar sambas inéditos e não usar instrumento de sopro, entre outras exigências.
A escola vencedora foi a Estação Primeira da Mangueira (fundada em 1928), enquanto o segundo lugar coube ao grupo carnavalesco de Osvaldo Cruz, hoje Portela (fundada em 1926). O sucesso garantiu a oficialização do concurso que permaneceu na Praça Onze até 1941. Com o tempo, as escolas de samba aproveitaram muitos elementos trazidos pelos ranchos, tais como o enredo, o casal de mestre-sala e porta-bandeira e a comissão de frente, elementos aos quais Ismael Silva, ao idealizar o Deixa Falar, era contrário.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Carnaval - Parte 1 (Entrudo e Zé-Pereira)

Logo estaremos entrando nos festejos do Carnaval. Então, nada mais justo do que relembrarmos dos carnavais de antigamente, da sua História...

O Carnaval é uma festa que vem desde a Antiguidade, e foi introduzido no Brasil pelos portugueses, ainda no Século XVI. Mas, naquela época, o nome da festa era Entrudo. Segundo o historiador Felipe Ferreira, livro O Livro de Ouro do Carnaval Brasileiro, havia dois tipos de Entrudo:

1) Entrudo Familiar: era realizado dentro das casas e, por isso mesmo, era mais "delicado". Geralmente, jogavam-se limões de cheiro (pequenas bolas de cera recheadas de águas perfumadas característica do carnaval da Rio de Janeiro) nas pessoas. Abaixo, uma aquarela de 1822, de autoria de Augustus Earle (1793/1838), mostrando o Entrudo Familiar:



b) Entrudo Popular: era realizado nas ruas, pelos escravos e quem estivesse ali. Era mais violento e grosseiro, e as pessoas atiravam qualquer tipo de pó ou líquido (inclusive urina). Abaixo, quadro de 1823, de autoria de Jean-Baptiste Debret (1768/1848), mostrando o Entrudo nas ruas:



A partir de 1830, teve início uma verdadeira "guerra" para que a violência do Entrudo cessasse. Mesmo assim, até hoje há certas brincadeiras, pelo interior do país, que são resquícios daqueles tempos...

O Zé-Pereira - em todo o Brasil, mas sobretudo no Rio de Janeiro, havia o costume de se prestar homenagem galhofeira a notórios tipos populares de cada cidade ou vila do país durante os festejos de Momo. O mais famoso tipo carioca foi um sapateiro português, chamado José Nogueira de Azevedo Paredes. Segundo o historiador Vieira Fazenda, foi ele o introdutor, em 1846, do hábito de animar a folia ao som de zabumbas e tambores, em passeatas pelas ruas, como se fazia em sua terra. O zé-pereira cresceu de fama no fim do século XIX, quando o ator Vasques elogiou a barulhada encenando a comédia carnavalesca O Zé-Pereira, na qual propagava os versos que o zabumba cantava anualmente:

E viva o Zé-Pereira/Pois que a ninguém faz mal./Viva a pagodeira/dos dias de Carnaval!

A peça não passava de uma paródia de Les Pompiers de Nanterre, encenada em 1896. No início do século XX, por volta da segunda década, a percussão do zé-pereira cedeu a vez a outros instrumentos como o pandeiro, o tamborim, o reco-reco, a cuíca, o triângulo e as "frigideiras".

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Roaring Twenties (Os Loucos Anos 20)

Os anos loucos é uma expressão usada para descrever os anos 20 , principalmente na América do Norte, mas também em Londres, Paris e Berlim. A frase foi feito para enfatizar o dinamismo cultural, artístico e social do período. A "normalidade" retornou à política, na sequência da I Guerra Mundial (1914/1918), o jazz floresceu, as flappers redefiniram a feminilidade moderna, a Art Deco estava no auge e, finalmente, a Wall Street era o "centro do mundo" (em 1929, essa época entraria em colapso, com a Quebra da Bolsa de Valores e a Grande Depressão). Essa época foi ainda distinguida por várias invenções e descobertas de grande alcance, o crescimento industrial sem precedentes, a demanda de consumo acelerado e aspirações e mudanças significativas no estilo de vida.
As características culturais e sociais conhecido como Loucos Anos Vinte começou nos principais centros metropolitanos, principalmente New York, Paris e Berlim, e depois se espalhou no rescaldo da Primeira Guerra Mundial . Os Estados Unidos ganharam uma posição dominante nas finanças mundiais. Assim, quando a Alemanha já não podia pagar reparações de guerra à Grã-Bretanha, França e outros aliados, os americanos vieram com o Plano Dawes e Wall Street investiu pesadamente na Alemanha, que reembolsou a sua reparação às nações que, por sua vez utilizados os dólares para pagar sua guerra dívidas para com Washington. Em meados da década, a prosperidade foi generalizada. A segunda metade da década de se tornar conhecido como o "Golden Twenties". Na França e no Canadá, essa época ficou conhecida como "années folles"("anos loucos").
O espírito dos anos vinte foi marcado por um sentimento geral de descontinuidade associada com a modernidade, uma ruptura com as tradições. Tudo parecia ser possível através da tecnologia moderna. Novas tecnologias, especialmente automóveis, imagens em movimento (cinema sonoro e o início da TV) e rádio chegaram a uma grande parte da população.

Flappers: no Brasil, elas ficaram conhecidas como "melindrosas". Se até a Primeira Guerra Mundial, a mulher usava espartilho, cabelos enormes, chapelões, vestidos imensos, os Anos 20 marcaram uma mudança radical: a mulher passou a usar vestidos curtos, assim como os cabelos, maquiagem mais pesada, e começou a ter hábitos antes vistos com reprovação: cigarros e calças compridas (como as que Katharine Hepburn usava), entre outros. Abaixo, "flappers" de 1927:



Era do Jazz: nos Anos 20, o jazz se tornou a música básica, talvez a "música-símbolo" de uma época, como nunca houvera antes... Artistas como Al Jolson e Louis Armstrong tornaram o jazz e o charleston, músicas de origem negro-africana, "palatáveis" para os brancos de classe média. Assim, elas eram ouvidas nas rádios (invenção recente) e os jovens de então eram seus principais ouvintes. Nada mais de acordo com o estilo das "flappers". Também surgiram muitas mulheres famosas, algo pouco comum, até então: Bessie Smith e Billie Holiday são os nomes mais conhecidos...

* no Brasil, essa década foi mais de chorinhos e serestas, do que de jazz. Mesmo assim, a rádio teve sua estréia, em 1922. Mas o primeiro grande nome da música nacional só surgiria no final dessa década: Carmen Miranda.


segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Ira e George Gershwin



Os irmãos Ira e George Gershwin nasceram em New York em 1896 (Ira) e 1898 (George). Seus nomes verdadeiros eram Israel e Jacob Gershowitz.
Sua família era judia e havia imigrado da Rússia, em 1890. O pai dos meninos, Moishe, mudou o próprio nome para Morris. Casou em 1895, com Rosa Bruskin, e teve seus filhos nos EUA. Além de Ira e George, haviam mais dois irmãos, Frances e Arthur.

George logo demonstrou talento para compor, e compôs sua primeira música aos 17 anos, em 1916. Mas seu primeiro sucesso foi Swanee (1919).

A música mais famosa de George Gershwin e Ira Gershwin foi:

* Rhapsody in Blue (1924)

Gershwin teve um romance coma também compositora Kay Swift (1897/1993) e morreu jovem, aos 39 anos.

Ira Gershwin morreu em 1983. Suas músicas mais conhecidas são:

* 'S Wonderful (1927, com música de George);
* Embraceable You (1930, com música de George);
* I Got Rhythm (1930, com música de George);

Sucessos Internacionais - Anos 20

1920 - Rose Of Washington Square (Kentucky Serenaders Johnny Hamp) e You'd Be Surprised (Eddie Cantor);

1921 - My Man (Fanny Brice) e My Mammy (Al Jolson);

1922 - Toot Toot Tootsie, Goo'bye e Carolina In The Morning (Al Jolson);

1923 - Yes! We Have No Bananas (Eddie Cantor) e Who's Sorry Now? (Ted Snyder, Bert Kalmar e Harry Ruby);

1924 - Rhapsody In Blue (Paul Whiteman & His Orchestra), It Had To Be You (Isham Jones e Gus Kahn)e Tea For Two (Vincent Youmans e Irving Caesar);

1925 - Yes Sir, That's My Baby (Walter Donaldson e Gus Kahn), Charleston (Cecil Mack e James P. Johnson);

1926 - Baby Face (Harry Akst e Benny Davis) e The Birth Of The Blues (Ray Henderson, Buddy G. DeSylva e Lew Brown);

1927 - 'S Wonderful (George Gershwin e Ira Gershwin) e Me And My Shadow (Billy Rose);

1928 - I Want To Be Loved By You (Helen Kane) e Ramona (Gene Austin);

1929 - West End Blues (Joe "King" Oliver e Clarence Williams)e Stardust (Hoagy Carmichael e Mitchell Parish);

1930 - Putting On The Ritz (Irving Berlin) e Embraceable You (George Gershwin e Ira Gershwin).

Fonte: http://www.angelfire.com/retro/lisawebworld/ (Lisa's Nostalgia Cafe)
Música: Yes Sir, That's My Baby, 1925

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