domingo, 9 de janeiro de 2011

Carnaval - Parte 1 (Entrudo e Zé-Pereira)

Logo estaremos entrando nos festejos do Carnaval. Então, nada mais justo do que relembrarmos dos carnavais de antigamente, da sua História...

O Carnaval é uma festa que vem desde a Antiguidade, e foi introduzido no Brasil pelos portugueses, ainda no Século XVI. Mas, naquela época, o nome da festa era Entrudo. Segundo o historiador Felipe Ferreira, livro O Livro de Ouro do Carnaval Brasileiro, havia dois tipos de Entrudo:

1) Entrudo Familiar: era realizado dentro das casas e, por isso mesmo, era mais "delicado". Geralmente, jogavam-se limões de cheiro (pequenas bolas de cera recheadas de águas perfumadas característica do carnaval da Rio de Janeiro) nas pessoas. Abaixo, uma aquarela de 1822, de autoria de Augustus Earle (1793/1838), mostrando o Entrudo Familiar:



b) Entrudo Popular: era realizado nas ruas, pelos escravos e quem estivesse ali. Era mais violento e grosseiro, e as pessoas atiravam qualquer tipo de pó ou líquido (inclusive urina). Abaixo, quadro de 1823, de autoria de Jean-Baptiste Debret (1768/1848), mostrando o Entrudo nas ruas:



A partir de 1830, teve início uma verdadeira "guerra" para que a violência do Entrudo cessasse. Mesmo assim, até hoje há certas brincadeiras, pelo interior do país, que são resquícios daqueles tempos...

O Zé-Pereira - em todo o Brasil, mas sobretudo no Rio de Janeiro, havia o costume de se prestar homenagem galhofeira a notórios tipos populares de cada cidade ou vila do país durante os festejos de Momo. O mais famoso tipo carioca foi um sapateiro português, chamado José Nogueira de Azevedo Paredes. Segundo o historiador Vieira Fazenda, foi ele o introdutor, em 1846, do hábito de animar a folia ao som de zabumbas e tambores, em passeatas pelas ruas, como se fazia em sua terra. O zé-pereira cresceu de fama no fim do século XIX, quando o ator Vasques elogiou a barulhada encenando a comédia carnavalesca O Zé-Pereira, na qual propagava os versos que o zabumba cantava anualmente:

E viva o Zé-Pereira/Pois que a ninguém faz mal./Viva a pagodeira/dos dias de Carnaval!

A peça não passava de uma paródia de Les Pompiers de Nanterre, encenada em 1896. No início do século XX, por volta da segunda década, a percussão do zé-pereira cedeu a vez a outros instrumentos como o pandeiro, o tamborim, o reco-reco, a cuíca, o triângulo e as "frigideiras".

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