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quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
Carmen Miranda - Parte I (1909/1925)
Essas fotos foram tiradas em Portugal, na cidade de Marco de Canaveses, na Várzea da Ovelha e Aliviada. Elas mostras uma casa, em duas épocas distintas: em 1909 e em 2008. Em 1909, não havia o asfalto, a eletricidade, as placas...E também não havia a parte de cima (com azulejos azuis). Apenas a parte de baixo...E foi nesta casa que nasceu a pequena Maria do Carmo Miranda da Cunha, no dia 9 de fevereiro de 1909...
Os pais da menina eram o barbeiro José Maria Pinto Cunha (1887/1938) e Maria Emília Miranda (1886/1971). O casal já tinha uma filha: Olinda, nascida em 1907.
Logo depois que Maria do Carmo nasceu, seu pai veio para o Brasil (setembro) a procura de uma vida melhor, para si e para sua família. Em dezembro do mesmo ano, foi a vez da mãe vir com as duas meninas, uma com três e outra com quase um ano de idade...Foram até o Porto (cerca de 40 km de Marco de Canaveses) e de lá embarcaram para o Rio de Janeiro, onde se instalaram no Bairro de São Cristóvão. Mas ficaram pouco ali...
Em 1911, a família se mudou para o Centro do Rio de Janeiro, na Rua Senhor dos Passos, 59. Abaixo, foto da região, no início do Século:
Nessa época, Maria do Carmo já era chamada de "Carminha" ou "Carmen". Seu tio Amaro, sócio de seu pai, dizia que ela era "morena como uma espanhola", e isso o fazia lembrar da ópera "Carmen" (de Bizet). Em 1912, esse tio apadrinhou o terceiro filho do casal, que também foi chamado de Amaro. Depois disso, voltou para a Europa, e não se soube mais dele. Tanto o tio como o sobrinho, eram chamados de "Mário", pela família. Abaixo, Carmen em 1913, com quatro anos de idade...Nesse ano, nasceu a quarta filha do casal, que foi batizada de Cecília. Ela já nasceu em novo endereço: Rua da Candelária, 50, também no Centro do Rio.
Em 1915, nasceu a quinta criança, na casa dos Miranda da Cunha: Aurora. Agora, a família era formada por quatro meninas e um menino. Mas o aluguel estava ficando caro e a região era perigosa. Por isso, em 1915, a família se mudou novamente, dessa vez para a Lapa, na Rua Joaquim Silva, 53, casa 4. Abaixo, um cartão postal de 1910, colorido artificialmente, onde podemos ver os Arcos da Lapa:
Ali, Dona Maria começou a lavar roupas para fora, a fim de ajudar no sustento de tantos filhos. Mesmo assim, em 1917, teve seu caçula: Oscar. Enquanto isso, Olinda e Carmen já começavam a estudar, no Colégio Santa Teresa, de freiras vicentinas.
A irmã mais velha, Olinda, é que ajudava a cuidar dos irmãos mais novos, e também foi a primeira a se sacrificar pela família: em 1919, aos doze anos, teve que parar de estudar, e começou a trabalhar como aprendiz no ateliê de chapéus de Madame Anaïs Grandjean, uma francesa para quem Dona Maria lavava roupas. Ela era animada, gostava de cantar e pular o Carnaval, se vestia muito bem e era muito bonita. Provavelmente, foi em Olinda que Carmen se espelhou. Acima, Olinda, em sua juventude, fantasiada de "melindrosa", para o Carnaval...
Em 1920, as freiras levaram as alunas do Colégio (entre elas Carmen), para recepcionar o Rei Alberto e a Rainha Elizabeth, da Bélgica, que estavam visitando o Rio. Foi o primeiro contato que Carmen teve com um lugar luxuoso e requintado (a Embaiaxada da Bélgica). Ela cantava muito bem, e provavelmente tenha se apresentado (com as outras meninas da Escola), na Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, de Edgar Roquette-Pinto e Henrique Morize. Pena que quase ninguém tinha rádio, para ouvir...Abaixo, registro da visita dos reis da Bélgica, em 1920:
Em 1923, Carmen parou de estudar e em 1925, a família se mudou novamente para o Centro, na Travessa do Comércio, 13. A Lapa já estava ficando perigosa nessa época, e os Miranda da Cunha não achavam bom criar seus filhos ali...Abaixo, o Arco do Teles, que fica na entrada da Travessa do Comércio, onde a família Miranda da Cunha foi morar, e as irmãs Carmen e Aurora, posando na porta do número 13:
E como era Carmen, nessa época? O escritor Ruy Castro nos revela, no livro Carmen, Uma Biografia:
Pele morena, olhos verdes e muito vivos, boca rasgada, dentes brancos e perfeitos, fato cabelo castanho-claro. Pequenina, é verdade - 1,52 metro e nunca passaria disso -, mas um pitéu: seios de granito, quadris anchos, pernas grossas e firmes. Carmen já estava pronta desde a adolescência. Só não gostava de seu nariz, que, de tão arrebitado, comparava ao de Cyrano, e de uma pinta amarela que trazia no olho esquerdo. Mas era coquete - sabia de seu poder de sedução e gostava disso.
O aluguel era maior, nessa região do Rio de Janeiro. Assim, Dona Maria começou a servir refeições a trabalhadores da região. Mario (Amaro) e Cecília pararam de estudar, para ajudar em casa, e Carmen iria procurar um emprego. Seu primeiro emprego foi no ateliê de Madame Anaïs, o mesmo onde Olinda começara. Mas seu primeiro salário foi pago na La Femme Chic, que ficava na Rua do Ouvidor, 141, onde ela passou a fazer chapéus e balconista.
Carmen era muito criativa: além de criar chapéus, também costurava seus vestidos. Isso seria muito importante, no futuro...
O segundo emprego de Carmen foi na loja de artigos masculinos A Principal. Foi ali que ela conheceu Mario Cunha, seu primeiro namorado. Abaixo, o casal Carmen e Mário...
Continua...
Fontes: http://carmen.miranda.nom.br/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Carmen_Miranda
Carmen, Uma Biografia (Ruy Castro)
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