quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

O Milagre das Antenas e do Microfone (Parte 1)

Nós somos as cantoras do rádio.
Levamos a vida a cantar.
De noite embalamos teu sono,
De manhã nós vamos te acordar.
Nós somos as cantoras do rádio.
Nossas canções, cruzando o espaço azul,
Vão reunindo, num grande abraço,
Corações de Norte a Sul.

João de Barro e Lamartine Babo

Alô. Com esta palavrinha, nova no vocabulário nacional (forma aportuguesada da saudação inglesa Hello), iniciava-se uma nova época, com o país adentrando a Era das Comunicações de Massa, dos ídolos e mitos populares. A revolução radiofônica começa em 1931. Mas o rádio já existia antes disso. A transmissão pioneira é de 1922, e emissoras regulares instalam-se a partir de 1923, de forma amadorística. As rádios pioneiras eram sociedades ou clubs, financiadas por seus associados com o benemérito objetivo de difundir a cultura e favorecer a integração nacional. Por essa razão é que as primeiras emissoras denominavam-se sempre Rádio Sociedade (do Rio de Janeiro, 1923; de São Paulo, 1924) ou Rádio Clube (Paraná, Pernambuco, São Paulo - Santos e Ribeirão Preto - todas de 1924). Abaixo, o Belvedere do Alto São Francisco (Curitiba), um dos locais onde funcionou a Rádio Clube Paranaense:


Até o início da década de 30, com 21 emissoras instaladas no país, a programação baseava-se em música clássica, ópera e textos "instrutivos". Em 1931, o Governo passava a se preocupar seriamente com o rádio, que definia como "serviço de interesse nacional e de finalidade educativa", regulamentando o seu funcionamento e passando a imaginar maneiras de proporcionar-lhe bases econômicas mais sólidas. Em decorrência, pouco depois, o Decreto-Lei 21 111, de 1º de março de 1932, autoriza a veiculação de propaganda pelo rádio.


A introdução de mensagens comerciais transfigura imediatamente o veículo. O que até então era erudito, instrutivo, "cultural", tende a transformar-se em popular, órgão de lazer e diversão. Surgem polêmicas: "O rádio deve educar o povo ou difundir formas inferiores de música, como o samba e outros gêneros do nosso folk-lore?" E os "reclames" (anúncios) que insultam a inteligência do ouvinte? Não se poderia reduzi-los?


O Paraná na Era do Rádio

01 de abril de 2009
Rádio Amador..com
Imagine uma Curitiba com pouco mais de 70 mil habitantes, um Rio Ivo limpinho “da silva” em que nas horas vagas alguns amantes da pesca se reuniam para pescar, imaginou? Agora imagine (para os de mais idade, lembre) a ponte sobre o Largo do Chafariz (hoje Praça Zacarias), uma praça com coreto, a Praça da República (hoje Rui Barbosa), e que por esse cenário transitava o bondinho (puxado por burros até 1913) com passagem paga em contos de réis.
Era nesse cenário que Lívio Gomes Moreira, entusiasmava-se com uma modernidade: o rádio. Com um equipamento precário, montado em sua casa, Lívio reunia-se com amigos para ouvir em um receptor, no sótão de sua casa, ópera, transmitida de outro local por outro grupo de amigos, assim começava a nascer a Rádio Clube Paranaense, B2, (atual Eldorado ESPN) a terceira rádio mais velha do Brasil.
No dia 27 de junho de 1924, os amigos reuniram-se para formar a emissora, 
veja a ata de fundação: 

Aos 27 dias do mês de junho do ano de 1.924, às onze horas da manhã, na



 residência do Sr. Fido Fontana, industrial desta Praça, presentes esse senhor


 e as seguintes pessoas, Senhores Livio Gomes Moreira, João Alfredo Silva, 


Olavo Bório, e Dr. Oscar Joseph de Plácido e Silva, estando devidamente


 representados os Senhores Dr. Ludovico Joubert, Euclides Requião, Bertoldo


 Hauer, Gabriel Leão da Veiga e Alberico Xavier de Miranda, todos amadores 


de radiotelefonia, foi fundada uma sociedade tendente à difusão de radiotelefonia, 


a qual tomou a denominação de Rádio Clube Paranaense. Pelos presentes foi


 aclamada uma diretoria provisória, constituída pelos senhores Fido Fontana,


 presidente, Livio Gomes Moreira, diretor técnico, e João Alfredo Silva, secretário-


tesoureiro. Foi incumbido o Sr. Livio Moreira de redigir o projeto-estatutário a ser


 discutido na próxima reunião que ficou marcada para o dia 15 de julho entrante. 


Enquanto não for instalada a estação irradiadora do novel clube, o Sr. Livio


 Moreira, que é o decano dos amadores de rádio em nosso Estado, quiçá no Brasil,


 por gentil deferência, ofereceu-se para irradiar diariamente, a título experimental,


 pela sua pequena estação transmissora, iniciando-se assim, desde já, a 


intensificação da radiotelefonia em nossa Capital. Pelo Sr. Presidente foi ordenada 


à secretaria a expedição de circulares comunicando a fundação do Rádio Clube


 Paranaense. Nada mais havendo a tratar-se, foi lavrada a presente Ata que vai


 assinada pelos presentes. "




As primeiras transmissões aconteceram da residência de Lívio Gomes Moreira. O primeiro transmissor tinha a potência de apenas 3 watts na antena. De início a rádio funcionava das 8h30 às 9h30 nas quartas e sextas-feiras. Aos domingos a transmissão acontecia das 14h às 15h. A programação era basicamente de música clássica.
Postado por Ediney Giordani

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...