

Essas fotos foram tiradas em
Portugal, na cidade de
Marco de Canaveses, na
Várzea da Ovelha e Aliviada. Elas mostras uma casa, em duas épocas distintas: em 1909 e em 2008. Em 1909, não havia o asfalto, a eletricidade, as placas...E também não havia a parte de cima (com azulejos azuis). Apenas a parte de baixo...E foi nesta casa que nasceu a pequena
Maria do Carmo Miranda da Cunha, no dia 9 de fevereiro de 1909...

Os pais da menina eram o barbeiro
José Maria Pinto Cunha (1887/1938) e
Maria Emília Miranda (1886/1971). O casal já tinha uma filha:
Olinda, nascida em 1907.
Logo depois que
Maria do Carmo nasceu, seu pai veio para o
Brasil (setembro) a procura de uma vida melhor, para si e para sua família. Em dezembro do mesmo ano, foi a vez da mãe vir com as duas meninas, uma com três e outra com quase um ano de idade...Foram até o
Porto (cerca de 40 km de
Marco de Canaveses) e de lá embarcaram para o
Rio de Janeiro, onde se instalaram no
Bairro de São Cristóvão. Mas ficaram pouco ali...
Em 1911, a família se mudou para o Centro do
Rio de Janeiro, na
Rua Senhor dos Passos, 59. Abaixo, foto da região, no início do Século:

Nessa época,
Maria do Carmo já era chamada de "Carminha" ou "Carmen". Seu tio Amaro, sócio de seu pai, dizia que ela era "morena como uma espanhola", e isso o fazia lembrar da ópera "Carmen" (de Bizet). Em 1912, esse tio apadrinhou o terceiro filho do casal, que também foi chamado de
Amaro. Depois disso, voltou para a
Europa, e não se soube mais dele. Tanto o tio como o sobrinho, eram chamados de "
Mário", pela família. Abaixo,
Carmen em 1913, com quatro anos de idade...Nesse ano, nasceu a quarta filha do casal, que foi batizada de
Cecília. Ela já nasceu em novo endereço:
Rua da Candelária, 50, também no
Centro do Rio.

Em 1915, nasceu a quinta criança, na casa dos
Miranda da Cunha:
Aurora. Agora, a família era formada por quatro meninas e um menino. Mas o aluguel estava ficando caro e a região era perigosa. Por isso, em 1915, a família se mudou novamente, dessa vez para a
Lapa, na
Rua Joaquim Silva, 53, casa 4. Abaixo, um cartão postal de 1910, colorido artificialmente, onde podemos ver os
Arcos da Lapa:

Ali,
Dona Maria começou a lavar roupas para fora, a fim de ajudar no sustento de tantos filhos. Mesmo assim, em 1917, teve seu caçula:
Oscar. Enquanto isso,
Olinda e
Carmen já começavam a estudar, no
Colégio Santa Teresa, de freiras vicentinas.

A irmã mais velha,
Olinda, é que ajudava a cuidar dos irmãos mais novos, e também foi a primeira a se sacrificar pela família: em 1919, aos doze anos, teve que parar de estudar, e começou a trabalhar como aprendiz no ateliê de chapéus de
Madame Anaïs Grandjean, uma francesa para quem
Dona Maria lavava roupas. Ela era animada, gostava de cantar e pular o
Carnaval, se vestia muito bem e era muito bonita. Provavelmente, foi em
Olinda que
Carmen se espelhou. Acima,
Olinda, em sua juventude, fantasiada de "melindrosa", para o
Carnaval...
Em 1920, as freiras levaram as alunas do Colégio (entre elas
Carmen), para recepcionar o
Rei Alberto e a
Rainha Elizabeth, da
Bélgica, que estavam visitando o
Rio. Foi o primeiro contato que
Carmen teve com um lugar luxuoso e requintado (a
Embaiaxada da Bélgica). Ela cantava muito bem, e provavelmente tenha se apresentado (com as outras meninas da Escola), na
Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, de
Edgar Roquette-Pinto e
Henrique Morize. Pena que quase ninguém tinha rádio, para ouvir...Abaixo, registro da visita dos reis da
Bélgica, em 1920:

Em 1923,
Carmen parou de estudar e em 1925, a família se mudou novamente para o
Centro, na
Travessa do Comércio, 13. A
Lapa já estava ficando perigosa nessa época, e os
Miranda da Cunha não achavam bom criar seus filhos ali...Abaixo, o
Arco do Teles, que fica na entrada da
Travessa do Comércio, onde a família
Miranda da Cunha foi morar, e as irmãs
Carmen e
Aurora, posando na porta do número 13:


E como era
Carmen, nessa época? O escritor
Ruy Castro nos revela, no livro
Carmen, Uma Biografia:
Pele morena, olhos verdes e muito vivos, boca rasgada, dentes brancos e perfeitos, fato cabelo castanho-claro. Pequenina, é verdade - 1,52 metro e nunca passaria disso -, mas um pitéu: seios de granito, quadris anchos, pernas grossas e firmes. Carmen já estava pronta desde a adolescência. Só não gostava de seu nariz, que, de tão arrebitado, comparava ao de Cyrano, e de uma pinta amarela que trazia no olho esquerdo. Mas era coquete - sabia de seu poder de sedução e gostava disso. O aluguel era maior, nessa região do
Rio de Janeiro. Assim, Dona Maria começou a servir refeições a trabalhadores da região.
Mario (
Amaro) e
Cecília pararam de estudar, para ajudar em casa, e
Carmen iria procurar um emprego. Seu primeiro emprego foi no ateliê de
Madame Anaïs, o mesmo onde
Olinda começara. Mas seu primeiro salário foi pago na
La Femme Chic, que ficava na
Rua do Ouvidor, 141, onde ela passou a fazer chapéus e balconista.
Carmen era muito criativa: além de criar chapéus, também costurava seus vestidos. Isso seria muito importante, no futuro...
O segundo emprego de
Carmen foi na loja de artigos masculinos
A Principal. Foi ali que ela conheceu
Mario Cunha, seu primeiro namorado. Abaixo, o casal
Carmen e
Mário...

Continua...
Fontes: http://carmen.miranda.nom.br/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Carmen_Miranda
Carmen, Uma Biografia (Ruy Castro)