terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Música Nos Anos 20

O que se produziu, no Brasil, em termos de música, nos Anos 20? O site Cifra Antiga, nos aponta o seguinte repertório:

1921 - Mimosa, de Leopoldo Fróes

Mimosa !
Tão delicada e melindrosa...
Mimosa !...Mimosa!
Mimosa!
Deus que te fez assim formosa
Tens o perfume de uma rosa
Mimosa! ... Mimosa!


1922 - Papagaio Come Milho, de Francisco Rocha e Tristeza do Jeca, de Angelino de Oliveira

Faço carinhos para quem não merece
Quem apanha, meu bem, não esquece (x2)
Ai! não fui eu que desmanchei a tua cama (x2)
Papagaio come milho, periquito leva a fama (x2)


Nestes versos tão singelos / Minha bela,
Meu amor / Pra você quero cantar o meu sofrer
E a minha dor / Eu sou que nem o sabiá
Quando canta é só tristeza / Desde galho onde ele está


1923 - Só Teu Amor,de Eduardo Souto

Só teu amor me traz tanta alegria
E é toda a causa do meu viver
Só nele penso de noite e de dia
Porque só ele me dá prazer


1924 - Pai Adão, de Eduardo Souto

O Pai Adão lá na sua inocência
Comeu maçã que comer não devia
E desta sua falada imprudência
Foi que nasceu toda a nossa alegria


1925 - De Cartola e Bengalinha, de Freire Júnior

Ela antigamente
Era tão sossegadinha
Hoje, ai minha gente
De cartola e bengalinha (x2)


1926 - Café Com Leite, de Freire Júnior

Nosso Mestre Cuca movimentou / O Brasil inteiro,
Pois cada um Estado pra cá mandou / O seu cozinheiro.
Mexeu-se a panela, fez-se a comida / Com perfeição.
Assim foi a bóia, bem escolhida / Com precaução

Café paulista, / Leite mineiro,
Nacionalista / Bem brasileiro.


1927 - Rapaziada do Brás, de Alberto Marino e Malandrinha, de Freire Júnior

Lembrar, deixem-me lembrar / meus tempos de rapaz no Brás
das noites de serestas / casais de namorados, e as cordas de um violão
cantando em tom plangente, / Aqueles ternos madrigais.
Sonhar, deixem-me sonhar, / lembrando aquele amor fugaz.


A lua vem surgindo cor de prata
No alto da montanha verdejante
A lira de um cantor em serenata
Reclama na janela a sua amante
Ao som da melodia apaixonada
Das cordas de um sonoro violão


1928 - A Voz do Violão, de Francisco Alves e Horácio Campos e Gosto Que Me Enrosco, de Sinhô

Não queiras, meu amor, saber da mágoa/Que sinto quando a relembrar-te estou
Atestam-te os meus olhos rasos d’água
A dor que a tua ausência me causou.


Não se deve amar sem ser amado
É melhor morrer crucificado!
Deus nos livre das mulheres de hoje em dia
Desprezam um homem
Só por causa da orgia!

Gosto que me enrosco de ouvir dizer
Que a parte mais fraca é a mulher
Mas o homem com toda a fortaleza
Desce da nobreza e faz o que ela quer!


1929 - Casa de Caboclo, de Chiquinha Gonzaga, Luiz Peixoto e Heckel Tavares, Jura, de José Barbosa da Silva (Sinhô) e Linda Flor, de Henrique Vogeler, Luiz Peixoto e Marques Porto

Você tá vendo essa casinha simplesinha
Toda branca de sapê
Diz que ela véve no abandono não tem dono
E se tem ninguém não vê
Uma roseira cobre a banda da varanda
E num pé de cambuçá
Quando o dia se alevanta Virge Santa
Fica assim de sabiá


Jura, jura, jura pelo Senhor / Jura pela imagem
Da Santa Cruz do Redentor / Pra ter valor a tua...
Jura, jura, jura de coração / Para que um dia
Eu possa dar-te o amor / Sem mais pensar na ilusão


Ai Ioiô, eu nasci pra sofrer
Fui oiá prá você / Meus oinho fechô
E quando os oio eu abri
Quis gritá quis fugí
Mas você não sei porque, você me chamou


1930 - Trepa no Coqueiro, de Ary Kerner Veiga de Castro e Ta-Hi, de Joubert de Carvalho

Oi, trepa no coqueiro
Tira coco
Xipe, xipe, nheco, nheco
No coqueiro orirá
Oi, trepa coqueiro
Tira coco
Xipe, xipe, nheco, nheco
No coqueiro orirá


Tá-hi / Eu fiz tudo pra você gostar de mim
Oh meu bem / Não faz assim comigo não
Você tem, você tem / Que me dar seu coração


Como você pode ver, poucas músicas que fizeram sucesso na década de 20 chegaram conhecidas à nossa época, com exceção de Gosto Que Me Enrosco, de 1928, entre outras:

sábado, 18 de dezembro de 2010

Resumão I (1901 a 1920)




O período 1901/1920 foi muito importante para a música. Foi nesse período que surgiu o Gramofone e o Disco, que apareceram as primeiras "lojas de discos" e os cantores começaram a se popularizar. Exemplo disso foi o sucesso de Enrico Caruso, e a venda de mais de um milhão de discos da música Carry Me Back To Old Virginny (1915).

Os nomes de destaque dessa época: Chiquinha Gonzaga, Pixinguinha, Donga, Catulo da Paixão Cearense, Ernesto Nazareth, Enrico Caruso, W. C. Handy e Al Jolson.

Foi nesse período que nasceram grandes nomes da música, como Ary Barroso, Carmen Miranda, Adoniran Barbosa, Noel Rosa, Viníciuas de Moraes, Dalva de Oliveira, Edith Piaf e Nat King Cole, entre outros...

Foi nessa época, também, que se firmaram o Blues, o Jazz e o Samba, nos EUA e no Brasil, influenciados pelos negros.

Foi nessa época que ocorreram a Primeira Guerra Mundial, a Revolução Russa e a Gripe Espanhola.

Foi nessa época que o mundo deixou para trás a Era Vitoriana e a Belle Époque, para entrar definitivamente no século XX...

E as músicas que mais marcaram esse período foram Pelo Telefone e Carinhoso, ambas de 1917. Também podemos citar Menphis Blues (1912, primeiro Blues) e Livery Stable Blues (1917, primeiro Jazz).

Quadro: "Samba", de Di Cavalcanti (1928)
Vídeo: Donga, cantando Pelo Telefone, na Record, em 1966, com Chico Buarque, Pixinguinha e Hebe Camargo

A Música no Brasil - 1916 a 1920


I - NOMES

Donga nasceu Ernesto Joaquim Maria dos Santos, no Rio de Janeiro, a 5 de abril de 1889, filho de pai pedreiro e tocador de bombardino, com a famosa Tia Amélia, do grupo das baianas da Cidade Nova, cantadeira de modinhas, festeira e mãe-de-santo. Desde menino freqüentava a casa de Tia Sadata, no bairro da Saúde, onde desfilou no Rancho Dois de Ouro como "porta-machado", figurante que abria o desfile brandindo um pequeno machado, em uma dança parecida com a capoeira. Passou a infância entre ex-escravos e negros baianos, dos quais aprendeu o jongo, o afoxé e outras danças populares que serviriam de base para sua carreira musical.
Começou a tocar cavaquinho, de ouvido, e passou para o violão em 1917, tomando aulas com o grande Quincas Laranjeiras. Iniciou-se na composição - Olhar de Santa e Teus Olhos Dizem Tudo (que anos depois teria letra de David Nasser) são dessa época quando já era freqüentador das reuniões na casa de Tia Ciata, ao lado de Bucy Moreira, João da Baiana, Pixinguinha, Sinhô, Caninha e outros.
Em tais reuniões nasceu Pelo Telefone, que Donga registrou como seu na Biblioteca Nacional, contestado pelo grupo que considerava a criação de caráter coletivo, por ser oriunda de partido-alto, em que todos improvisavam versos.
Influenciado por João Pernambuco, Donga faz parte do Grupo de Caxangá com o nome de guerra de Zé Vicente e, em 1919, convidado por Pixinguinha, integrou o conjunto Oito Batutas, de importância fundamental na história da música brasileira, estreando na sala de espera do cinema Palais.
Em janeiro de 1922 os Batutas se apresentam durante seis meses em Paris com o nome de "Les Batutas". Ao retornar, o grupo atuou ainda na Argentina, onde gravou uma série de discos na Victor daquele país, antes de dissolver-se. Donga passou a tocar violão-banjo, influência trazida da Europa, e em 1926 integrou o grupo Carlito Jazz para acompanhar a companhia francesa de revistas Ba-Ta-Clan, que se exibia no Rio de Janeiro. Com esse conjunto viajou outra vez à Europa e voltando em 1928 criou com Pixinguinha a Orquestra Típica Pixinguinha-Donga, eminentemente dançante responsável por gravações no selo Parlophon, da Odeon.
Em 1932 atuou nos grupos Guarda Velha e Diabos do Céu, formados por Pixinguinha para gravações. Nesse mesmo ano casou-se com a cantora Zaíra de Oliveira, com quem viveu até a morte desta em 1951. Em 1940 participou com composições suas da famosa gravaçao a bordo do navio Uruguai, feita por Leopold Stokowski, que colhia músicas sul-americanas para uma série de discos lançados nos Estados Unidos pela Columbia. Suas criações mais conhecidas - além de Pelo Telefone - são Passarinho Bateu Asas, Bambo de Bambu, Cantiga de Festa, Macumba de Oxóssi, Macumba de Iansã, Seu Mané Luís e Ranchinho Desfeito. Casou novamente em 1953 e morreu em 1974, no bairro de Aldeia Campista, para onde se retirou como oficial de Justiça aposentado.

Fonte: História do Samba - Ed.Globo in Cifra Antiga

II - COMPOSIÇÕES

1917 - Pelo Telefone - Donga e Mauro de Almeida; Carinhoso (Pixinguinha e João de Barro);
1920 - Pé de Anjo - Sinhô

III - NASCIMENTOS

1917 - Dalva de Oliveira (Cantora);
1918 - Jacob do Bandolim (Bandolinista/Compositor);
1919 - Linda Batista (Cantora), Nelson Gonçalves (Cantor), Jackson do Pandeiro (Cantor/Compositor) e Blecaute (Cantor);
1920 - Carmen Costa (Cantora) e Elizeth Cardoso (Cantora)

IV - O QUE ACONTECIA

1916 - Nasceu Oscar, caçula da futura Carmen Miranda, que estava com 7 anos. Albert Einstein expôs sua Teoria da Relatividade, e terminaram as batalhas de Somme e Verdun, as mais sangrentas da Primeira Guerra.
1917 - Noel Rosa era um menino de 7 anos, e morava no bairro carioca de Vila Isabel. Lênin assumiu o poder da Rússia (Revolução Russa) e os EUA declararam guerra à Alemanha;
1918 - Ary Barroso, com 15 anos, fez sua primeira composição, o cateretê De Longe. Fim da Primeira Guerra e auge da Gripe Espanhola;
1919 - o pequeno José de Assis Valente, aos 8 anos de idade, já declamava poemas, em sua cidade natal (Santo Amaro da Purificação, Bahia). O Presidente Rodrigues Alves morreu vitimado pela Gripe Espanhola;
1920 - a certidão de nascimento de João Rubinato (futuro Adoniran Barbosa) foi adulterada, para que ele pudesse trabalhar (a idade mínima era 12 anos e ele tinha 10). O Brasil participou, pela primeira vez, de Jogos Olímpicos, em Antuérpia;

V - NOVIDADES

Nesse período, nasceram, nos EUA, três grandes nomes da música: Ella Fitzgerald e Dean Martin (1917) e Nat King Cole (1919). Mas a novidade, no Brasil, foi o surgimento do samba, que viria a ser o ritmo nacional...

VI - INTERNACIONAL

1916 - Roses Of Picardy - John McCormack
1917 - For Me & My Gal - Van & Schenck
1918 - Tiger Rag - Original Dixieland Jazz Band
1920 - You'd Be Surprised - Eddie Cantor

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Al Jolson (1886/1950)

Asa Yoelson nasceu na Lituânia, em 1886, e imigrou para os EUA em 1891. Sua mãe morreu em 1894, e logo ele estava cantando nas ruas, em troca de moedas, com seu irmão Hirsch.
Os dois mudaram seus nomes para "Al" e "Harry", e assim foram se mantendo...
Em 1902, já com 16 anos, "Al" começou a cantar num circo, cujo dono gostou de sua voz. Em 1903, ele passou a cantar no espetáculo Dainty Duchess Burlesquers, onde cantava Be My Baby Bumble Bee. Também trabalhava esporadicamente com seu irmão...
Em 1904, quando tinha 18 anos, Al passou a pintar a face de preto, obtendo enorme sucesso em suas apresentações.
Em 1905, os irmãos tiveram uma discussão, pois tinham um terceiro parceiro, Joe Palmer, que andava em cadeira de rodas. Harry não aceitou cuidar de Palmer, e afastou-se dos dois. Em 1906, Al e Palmer também se separaram.
Al passou a trabalhar sozinho, e viajou por todo o país, apresentando-se. Nessa época, casou-se com Henrietta.
Depois, ele retornou a New York, onde se tornou uma estrela, por volta de 1911. O show La Belle Paree teve 104 apresentações, e ele passou a ganhar 750 dólares por semana.
Depois ele apresentou The Whirl of Society, e o salário dele subiu para mil dólares semanais. Em 1916, com Robinson Crusoé, ele já ganhava 2 mil dólares semanais. Em 1918, ele apresentou Sinbad.
Em 1921, ele já tinha um teatro que levava seu nome (Jolson's Fifty-ninth Street Theatre). Tinha apenas 35 anos...
Ele cantava Swanee , My Mammy , Rock-A-Bye Your Baby With A Dixie Melody, e tudo virava sucesso...
Diziam que sua "blackface" era uma metáfora do sofrimento que negros e judeus tinham em comum...

Em 1927, Al Jolson cantou My Mammy no filme "O Cantor de Jazz", e entrou para a história, pois esse foi o primeiro filme sonoro da história, e ele entrou para a história...

Enquanto a Ku Klux Klan e Griffith exaltavam a supremacia branca, Al Jolson entrou para a história como negro...E exigia tratamento digno para cantores, músicos e dançarinos negros, que atuavam com ele.

De acordo com a St. James Enciclopédia da Cultura Popular : "Quase sozinho, Jolson ajudou a introduzir ritmos afro-americanos como, ragtime, jazz e blues para platéias brancas" .... e abriu caminho para artistas negros, como Louis Armstrong , Duke Ellington , Cab Calloway...

O historiador Amiri Baraka escreveu: "a entrada do homem branco no jazz ... ao menos ele trouxe muito mais próximo do negro ".

Em 1920, Al Jolson separou-se de Henrietta e em 1922 se casou com Alma Osbourne, mais conhecida como Ethel Delmar.

Em 1928, ele se casou com Ruby Keeler, e ficaram casados até 1939. Em 1945, ele se casou com a enfermeira Erle Galbraith. Morreu em 1950.

Al Jolson é considerado o "Rei do Jazz", assim como Elvis Presley é chamado de "O Rei do Rock"...

sábado, 11 de dezembro de 2010

1910 - Centenário de Noel Rosa - 2010

Noel de Medeiros Rosa nasceu no Rio de janeiro em 11 de dezembro de 1910. Exatamente hoje ele estaria completando cem anos de nascimento...
Noel Rosa é considerado um dos maiores artistas do Brasil. Foi sambista, cantor, compositor, bandolinista e violonista, e tudo isso em apenas 27 anos de vida. Pois é...ele morreu aos 27 anos, em 1937, e já consagrado como um dos "grandes"...Imaginemos o que teria acontecido se ele tivesse tido mais 20 ou 30 anos de existência...
Ele foi um dos maiores responsáveis em trazer o samba dos morros para o asfalto, isto é, para as rádios e para os ouvidos da classe média. Dessa forma, ele contribuiu para que o samba não ficasse restrito às classes humildes, e conquistasse como música nacional.
O parto do bebê Noel Rosa foi difícil, feito com fórceps e ele ainda teve problemas com o desenvolvimento da mandíbula, provavelmente Síndrome de Pierre-Robin. Por isso a aparência de pessoa sem queixo.
Sendo de classe média, Noel teve ao seu alcance a carreira de médico. Mas preferia passar as noites pelos bares, bebendo cerveja, fumando muito, tocando bandolim e outros instrumentos que aprendeu a tocar.
Em 1929, ele arriscou a fazer suas primeiras composições, mas foi em 1930 que o sucesso chegou, com a música "Com Que Roupa?":

Agora vou mudar minha conduta, Eu vou pra luta,
Pois eu quero me aprumar, Vou tratar você com a força bruta
Pra pode me reabilitar, Pois esta vida não ta sopa
E eu pergunto: com que roupa, Com que roupa, que eu vou,
Pro samba que você me convidou?


Em 1931 ele compôs Gago Apaixonado, que fez sucesso por fazer uma declaração como se fosse um gago de verdade.
Em 1932 compôs Adeus e Uma Jura Que Fiz.
Em 1933 compôs Quem Não Quer Sou Eu, Fita Amarela e Feitio de Oração.
Em 1934 compôs Feitiço da Vila e O Orvalho Vem Caindo.
E em 1935, uma de suas obras primas: Conversa de Botequim, que trata de um cliente que além de não pagar a conta, ainda fica incomodando o garçom:

Seu garçom faça o favor de me trazer depressa
Uma boa média que não seja requentada
Um pão bem quente com manteiga à beça
Um guardanapo e um copo d'água bem gelada
Feche a porta da direita com muito cuidado
Que eu não estou disposto a ficar exposto ao sol
Vá perguntar ao seu freguês do lado
Qual foi o resultado do futebol
Se você ficar limpando a mesa
Não me levanto nem pago a despesa
Vá pedir ao seu patrão
Uma caneta, um tinteiro,
Um envelope e um cartão,
Não se esqueça de me dar palitos
E um cigarro pra espantar mosquitos
Vá dizer ao charuteiro
Que me empreste umas revistas,
Um isqueiro e um cinzeiro
Seu garçom faça o favor de me trazer depressa...
Telefone ao menos uma vez
Para três quatro quatro três três três
E ordene ao seu Osório
Que me mande um guarda-chuva
Aqui pro nosso escritório
Seu garçom me empresta algum dinheiro
Que eu deixei o meu com o bicheiro,
Vá dizer ao seu gerente
Que pendure esta despesa
No cabide ali em frente
Seu garçom faça o favor de me trazer depressa
Uma boa média que não seja requentada
Um pão bem quente com manteiga à beça
Um guardanapo e um copo d'água bem gelada
Feche a porta da direita com muito cuidado
Que eu não estou disposto a ficar exposto ao sol
Vá perguntar ao seu freguês do lado
Qual foi o resultado do futebol


Noel compôs com Lamartine Babo, Ismael Silva, Francisco Alves e João de Barro, entre outros, em mais de trezentas composições.



*** quando eu era criança, ouvi, certa vez, uma música, que me chamou a atenção...Estávamos na praia e tínhamos somente um rádio para se distrair, à noite. De repente, aquela música começou a me chamar a atenção, pois falava em morte. Não sei porque, mas gravei aqueles versos, sem saber que estava "gravando na mente", um sucesso de Noel Rosa, Fita Amarela...A letra era assim: Quando eu morrer, não quero choro, nem velas, quero uma fita amarela, gravada com o nome dela...Devia ter uns 7, 8 anos de idade...

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A Música no Brasil - 1911 a 1915

I - Nomes

Ernesto Júlio de Nazareth nasceu no Rio de Janeiro, em 1863 e é considerado um dos maiores nomes do choro ou "tango brasileiro". Suas obras mais conhecidas são "Odeon" (1910, tango), "Ameno Resedá" (1912, polca), "Apanhei-te Cavaquinho" (1915, polca), entre outras...Faleceu em 1934, deixando mais de 200 composições...

II - Compsições

1911 - Lua Branca - Chiquinha Gonzaga
1914 - Luar do Sertão - Catulo da Paixão Cearense
1915 - Apanhei-te Cavaquinho - Ernesto Nazareth

III - Nascimentos

1911 - Assis Valente (Compositor) e Mário Lago (Ator/Compositor)
1912 - Herivelto Martins (Compositor) e Luiz Gonzaga (Compositor/Cantor/Acordeonista)
1913 - Carlos Galhardo (Cantor), Ciro Monteiro (Cantor) e Vinícius de Moraes (Cantor/Compositor)
1914 - Dorival Caymmi (Cantor/Compositor), Araci de Almeida (Cantora), Lupicínio Rodrigues (Compositor) e Aloysio de Oliveira (Cantor/Compositor)
1915 - Aurora Miranda (Cantora), Orlando Silva (Cantor) e Edith Piaf (Cantora francesa)

IV - O Que Acontecia

1911 - Ary Barroso era um menino mineiro (8 anos) e devia estar estudando na Escola Pública Guido Solero, em Ubá;
1912 - O Titanic afundou, em sua primeira viagem, no Atlântico Norte;
1913 - Carmen Miranda era uma menina de 4 anos. Morava no Rio de Janeiro com seus pais, José e Maria, e seus irmãos Olinda, Amaro e Cecília (Aurora nasceria em 1915 e Oscar em 1916);
1914 - Chiquinha Gonzaga, então com 67 anos, foi ao Palácio do Catete, residência do Presidente Hermes da Fonseca. Lá, num recital, apresentou sua música, "Corta Jaca", sendo acompanhada pela primeira-dama, Nair de Teffé, ao violão. No dia seguinte, os jornais criticaram essa "ousadia" ("mulher de família não tocava violão"). Nesse ano, começava a Primeira Guerra Mundial, na Europa...
1915 - O disco com a música "Carry Me To Old Virginia" ("Leve-me de Volta à Velha Virgínia"), com Alma Glück, é o primeiro a ultrapassar a marca de 1 milhão de discos vendidos...

V - Novidades

É prensado pela primeira vez um disco no Brasil. O fato marca o início das atividades da Fábrica Odeon, instalada no Rio de Janeiro (RJ).

VI - Internacionais

1910 - Chinatown, My Chinatown - American Quartet
1911 - Memphis Blues - W. C. Handy
1912 - Love Is Mine - Enrico Caruso
1913 - You Made Me Love You - Al Jolson
1914 - Saint Louis Blues - W. C. Handy
1915 - Carry Me Back To Old Virginny - Alma Glück

sábado, 4 de dezembro de 2010

W.C. Handy - Memphis Blues

William Christopher Handy, ou W.C. Handy, o "Pai do Blues", nasceu em 1873, no Alabama (EUA).
Na juventude, Handy criou o Quarteto Lauzetta, que viajou para Chicago e depois para Saint Louis. Lá, o Quarteto foi dissolvido, e Handy foi para Indiana e depois para o Kentucky. Lá, ele conheceu Elizabeth Price, com quem se casou, em 1896. Depois, retornaram ao Alabama, onde ele se tornou maestro de uma banda local.
Em 1900, nasceu sua primeira filha, Lucille (ele teria mais 5). Viajou muito, lecionou música e, em 1909, mudou-se para Memphis, no Tennessee.
Em 1912, Handy publicou sua música "Memphis Blues", que é considerada por muitos, o "primeiro blues"...
Em 1914, foi a vez de "Saint Louis Blues", outra de suas músicas mais conhecidas, ser publicada.
W. C. Handy morreu em 1958. Abaixo, ouça "Memphis Blues":


sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Work Songs Africanas

O mapa acima mostra o fluxo de escravos entre 1800 e 1866 (Século XIX). Na verdade, o tráfico de escravos negros começou no século XVI, 300 anos antes...
Durante mais de 300 anos, milhões de negros foram capturados na África e trazidos para a América, na condição de escravos. O Brasil, a América Central e até os Estados Unidos, receberam esses negros, que vinham trabalhar obrigatoriamente, sem receber nada em troca, e ainda sofrendo maus-tratos e humilhações, para ser o mais "bondoso" possível...
Esse fato não tem nada de honrado e belo. Bela, sim, é a cultura negra, que mesmo sob o jugo dos "senhores" europeus, sobreviveu, e dura até hoje, seja em palavras faladas, alimentação, e gostos musicais...
No nosso caso específico, a música, podemos citar diversos ritmos trazidos da África, como o lundu, que evoluiu para o samba, no Brasil...

Nos Estados Unidos, os negros escravos cantavam "canções de trabalho" ("work songs") enquanto trabalhavam. Essas canções consistiam num sistema de "chamada e resposta", onde uma pessoa cantava um verso, e os demais davam uma "resposta" a ele...Veja o vídeo que mostra uma "work song":



Foi dessas "work songs" que nasceu o Blues...
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